Quando um
jornalista sofre uma agressão em qualquer parte do mundo, os meios de
comunicação gritam em protesto. Exigem apuração dos fatos e a devida punição. E
assim fazem-se respeitados.
Com os
professores a coisa é bem diferente.
Ao menos 23
professores da rede pública estadual de São Paulo sofrem agressões no ambiente
escolar a cada mês. A taxa é a maior registrada nos últimos dois anos – em 2015
o índice era de 15 docentes por mês. É o que informa a reportagem de Luiz Fernando
Toledo para o Estado de S. Paulo (22/12).
Informa
a reportagem: “De janeiro a 31 de julho deste ano,
5,2 mil escolas da rede pública paulista registraram 164 episódios de agressão.
Em todo o ano passado foram 188 e em 2014, 237. A capital concentra um em cada
quatro casos – foram 42 episódios de violência contra os docentes apenas neste
ano, a maior parte (15) na zona leste da cidade.”
“O nome das
escolas onde os episódios aconteceram não é divulgado nem o histórico dos
fatos. O Estado também
solicitou os dados à Secretaria Municipal de Educação da capital, mas a
Prefeitura informou que não realiza tal levantamento.”
“As
agressões chegam a afastar os professores da sala de aula e até do magistério.
Quando retornam, alguns passam a exercer funções de secretaria ou outros
órgãos: são os professores readaptados.”
“Agredida por uma estudante em 2011, a
professora de Geografia Maria Clara (nome fictício), de 44 anos, que trabalha
em uma escola estadual em um município a 250 km da capital, não se recuperou até
hoje. Na época, uma estudante de 17 anos a agrediu com uma cadeira e tentou
enforcá-la. Maria Clara solicitou que seu nome e o do colégio não fossem
citados.”
“Em novembro, uma professora de Matemática de 38 anos da
Escola Estadual República da Nicarágua, na Fazenda da Juta, zona leste de São
Paulo, ficou gravemente ferida após ter sido agredida por um aluno de 16 anos. A
briga começou com um bate-boca. O aluno, então, xingou a docente, que decidiu
chamar a diretora para retirá-lo da classe. Ele a ameaçou, se aproximou da
professora e deu um soco em sua costela e uma rasteira. Ela bateu a cabeça no
chão e foi levada a um hospital pelo resgate. O caso foi registrado no 69.º DP.”
A citada reportagem não fala sobre as causas deste
gravíssimo fenômeno, algo relativamente novo em nossa sociedade. É preciso que
a mídia divulgue com maior destaque tais ocorrências. As associações docentes
de todos os níveis têm o dever de exigir enérgicas providências do Estado.
Que ensino
deixa muito a desejar em nosso país, não há quem discorde. Como aprimorá-lo, se
os professores não são respeitados nem mesmo em sua integridade física?
A que ponto
chegamos!
Quando o professor passa a ser saco de pancada, o mundo está perdido, perdidíssimo.
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