terça-feira, 29 de novembro de 2016

Maestro de uma única sinfonia


Partitura original da Segunda de Mahler


Gilbert Edmund Kaplan (1941-2016), nascido em Nova Iorque, foi um executivo, economista, jornalista e, o que é surpreendente nessa história, maestro amador.  
Em abril de 1965 um amigo levou-o para assistir um ensaio da Segunda Sinfonia de Mahler no Carnegie Hall, de Nova York. A música pouco lhe interessava na época, preocupado em tornar-se um economista de Wall Street e  fundar a revista Institutional Investor, que anos depois venderia por 75 milhões de dólares (255 milhões de reais).
“Mas depois de escutar a Ressurreição, Kaplan não conseguiu dormir”, afirma Jesús Ruiz Mantilla, em artigo para El País (28/11). Kaplan comprou as 17 versões gravadas até então da Segunda Sinfonia e tomou aulas de regência com Charles Zachary Bornstein.
Em 1982 Kaplan fez a sua estreia como maestro, alugando (!) o Avery Fisher Hall em Nova Iorque, para reger sua sinfonia predileta com a American Symphony e o Westminster Symphonic Choir.
Em 1987 ele gravou a Sinfonia n.º 2 de Gustav Mahler com a Orquestra Sinfônica de Londres, e em 2002, com a Orquestra Filarmônica de Viena.
Informa Mantilla: “Anos depois obteve o manuscrito original da partitura – o comprou da Fundação Mengelberg, onde Alma Mahler o havia depositado em 1920 – e o interpretou diante do público de Nova York e Salzburg, entre outras cidades. Essa cópia está prestes a se transformar na obra musical mais cara da História quando for a leilão na terça-feira na Sotheby’s de Londres e provavelmente superar os 4 milhões de euros (14 milhões de reais). Terá quebrado o recorde que desde 1987 é de Mozart por algumas de suas sinfonias e que está em 3,6 milhões de euros (13 milhões de reais).”
Ao longo de sua vida, Kaplan fez mais de cem apresentações públicas regendo a Segunda de Mahler, a única peça que conduziu. Criou a Fundação Kepler, dedicada ao ensino e divulgação da música de Gustav Mahler.




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