Partitura original da Segunda de Mahler
Gilbert Edmund Kaplan (1941-2016), nascido em Nova
Iorque, foi um executivo,
economista, jornalista
e, o que é surpreendente nessa história, maestro amador.
Em abril de 1965 um amigo levou-o para
assistir um ensaio da Segunda Sinfonia de Mahler no Carnegie Hall,
de Nova York. A música pouco
lhe interessava na época, preocupado em tornar-se um economista de Wall Street e fundar a revista Institutional Investor,
que anos depois venderia por 75 milhões de dólares (255 milhões de reais).
“Mas depois de escutar a Ressurreição,
Kaplan não conseguiu dormir”, afirma Jesús Ruiz Mantilla, em artigo para El País (28/11). Kaplan comprou as 17 versões gravadas até então da Segunda
Sinfonia e tomou aulas de regência com Charles
Zachary Bornstein.
Em 1982 Kaplan fez a sua estreia como maestro, alugando (!) o Avery Fisher Hall em
Nova Iorque, para reger sua sinfonia predileta com a American Symphony e o Westminster
Symphonic Choir.
Em 1987 ele gravou a Sinfonia n.º
2 de Gustav Mahler
com a Orquestra
Sinfônica de Londres, e em 2002, com a Orquestra
Filarmônica de Viena.
Informa Mantilla: “Anos depois obteve o
manuscrito original da partitura – o comprou da Fundação Mengelberg, onde Alma Mahler o
havia depositado em 1920 – e o interpretou diante do público de Nova York e
Salzburg, entre outras cidades. Essa cópia está prestes a se transformar na
obra musical mais cara da História quando for a leilão na terça-feira na Sotheby’s de Londres e
provavelmente superar os 4 milhões de euros (14 milhões de reais). Terá
quebrado o recorde que desde 1987 é de Mozart
por algumas de suas sinfonias e que está em 3,6 milhões de euros (13 milhões de
reais).”
Ao longo de sua vida, Kaplan fez mais
de cem apresentações públicas regendo a Segunda de Mahler, a única peça que
conduziu. Criou a Fundação Kepler, dedicada ao ensino e divulgação da música de
Gustav Mahler.
Chama-se obsessão. Ideia fixa. Mas não deixa de ter a sua beleza.
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