Certas cenas, melhor que não tivessem acontecido. Já que
ocorreram, resta-nos encarar os fatos e lamentar.
Estou a falar do recente encaminhamento do ex-governador
do Rio de Janeiro à prisão, da resistência espalhafatosa que ele ofereceu ao
ser posto numa ambulância, dos gritos histéricos da família, da força empregada
por policiais e bombeiros na dramática operação. Constrangimento maior não
poderia haver.
“Teve o que mereceu”, dirão alguns. “Aqui se faz, aqui se
paga”, dirão outros.
Quanto ao mérito da prisão nem preciso comentar; não
pertenço a nenhuma instituição julgadora. O que desejo analisar é apenas a cena
em si e a exploração que dela se fez e ainda se faz, pelas mais diferentes
mídias.
Por que razão a população e as mesmas mídias pedem
prisões mais dignas, mesmo em se tratando de criminosos terríveis? Por que há
um forte movimento pregando a extinção dos zoológicos, onde frequentemente os
animais são maltratados? O que todos desejamos é tratamento digno e humano em
tais condições.
A dignidade e o senso humanitário se perderam
completamente na captação e repetida divulgação das referidas imagens
envolvendo o ex-governador e sua família. Sem dúvida, há quem se delicie com
elas. (O que também é humano: “antes ele do que eu”.) Mas isso é cruel e
desumano, independentemente dos crimes cometidos.
Além do que há uma boa dose de sadismo na repetição das
grotescas imagens pelas mídias sociais.
Mas é mesmo lenta a evolução do processo civilizatório.
Há quem diga que sadismo foi o que ele fez (faz?) no governo. Mas concordo: sadismo não justifica sadismo.
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