Tornou-se tradição a escolha da palavra do ano pelo dicionário
britânico Oxford. Ano passado foi a surpreendente emoji, ano atrasado foi a óbvia selfie.
O termo vencedor de 2016 foi pós-verdade, ou post-truth no original.
A saída do Reino Unido da União
Europeia e a vitória de Donald Trump nos Estados Unidos deram força ao post-truth, que, segundo os editores do
dicionário, relaciona-se à “circunstâncias em que fatos objetivos são menos
influentes na formação da opinião pública do que apelos à emoção e à crença
pessoal”.
Casper Grathwohl, presidente do
dicionário Oxford, informa que “o emprego de pós-verdade cresceu para explicar
as consequências das redes sociais como fonte de notícias, além da
crescente desconfiança mundial nos fatos oferecidos pelo establishment”.
Recentemente, o termo foi capa de The
Economist, na reportagem “Arte das Mentiras: Política pós-verdade na era
das mídias sociais”.
Embora
vivamos num mundo globalizado, não há dúvida quanto à forte influência da
língua inglesa nessa escolha, que é mesmo realizada por um dicionário inglês. A
pergunta que faço é se esta palavra do ano também serve para nós. Ou por aqui
teríamos uma melhor, genuinamente tupiniquim?
Minha
primeira escolha como palavra do ano seria corrupção!
Em homenagem a Sérgio Moro, a palavra poderia ser anti-corrupção.
Em homenagem a Sérgio Moro, a palavra poderia ser anti-corrupção.
Forte
concorrente: impeachment.
Ou
ainda: prisão.
Ou
seria lava-jato?
É
certo que Eduardo Cunha e Dilma esforçaram bastante para que pós-verdade fosse
a vencedora também por aqui. O primeiro afirmou que enriqueceu vendendo carne
enlatada aos africanos. A segunda cansou de repetir que nosso desastre
econômico deveu-se a fatores internacionais. Os dois, de fato, vivem na era
pós-verdade.
Porém, o nome dessas
peripécias em língua brasileira é mentira
mesmo! Não precisamos importar o post-truth
para nomear falsidade, enganação, distorção, contraversão, malsinação,
forçamento, adulteração, falácia, contrafação, artimanha, colusão, cambalacho,
conciliábulo, falsídia, falseamento, mendacidade, perjúrio, fraude, barataria,
embuste, embromação, comedela, garatusa, burla, perfídia, tartufice, jacobice,
impostura, a lista de sinônimos ou correlatos para mentira é mesmo interminável.
Que
o eventualíssimo leitor desta crônica faça sua sugestão.
Perfeito!
ResponderExcluirMuito boa a continuação do tema. Merece acaso um terceiro texto. Cecilia Meirelles tocou no assunto numa cronica memoravel: "O que se diz, o que se entende". Pois vejo no conceito do Oxford a ideia de que a verdade se apreende muita vez (especialmente nas midias sociais) com base nas "crenças pessoais e nas emoçoes". Ou seja, acredita-se no que se quer acreditar.
ResponderExcluir