segunda-feira, 31 de outubro de 2016

Joseph Wints

Meus quadros favoritos


Joseph Raimand Wints

Sarah fotógrafa

Exposição "Poesias Fotográficas" no Teatro Municipal de São Carlos, com os alunos dos 9°Anos da Oca Dos Curumins (de 25/10 a 08/12).


As fotos aqui expostas são de autoria de Sarah Cianflone Pripas, com o tema cheio/vazio.





Parabéns, Sarah!


pétalas no chão



pétalas no chão
por mais bonitas que sejam
as flores da acácia



Replicou Paulo Sergio, com arte:


Nem a acácia gloriosa
se livra da sorte dura:
ontem brilhava, radiosa,
hoje forra a terra obscura.


Foto: A.Viana, out 2016, jardim

Nova Deli

A foto do dia


Poluição em Nova Deli.

Foto: Manish Swarup / AP

O direito de cada uma 2

Há pouco mais de uma semana (23/10/2016), Angela Alonso, professora do departamento de sociologia da USP e presidente do Cebrap, utilizou-se da figura da primeira dama, a quem atacou de forma agressiva, penso eu,  para defender uma posição francamente feminista.  Este blog tratou do assunto no dia seguinte.(http://loucoporcachorros.blogspot.com.br/2016/10/o-direito-de-cada-uma.html)
Eis um trecho que resume a posição de Angela Alonso:

“A primeira-dama reza por breviário mais simples e bem conhecido. Trafega em zona ultrassegura, nada precisa prover ou provar. Tem as contas pagas, as falas prontas, a vida decidida. Nem o nome do filho careceu escolher: no menino se reproduziu o senhor seu pai.
Marcela não se exprime, comparece. No papel de compor a paisagem, talvez visasse o estilo Jackie Kennedy, da simplicidade elegante. Mas acabou em campo retrô, meio Barbie, meio Rapunzel, entre dois mundos, o da boneca, boa moradia para ex-miss dedicada ao consumo, e o reino do faz de conta, onde se encastela qual a mocinha do cabelão.”

            Confesso que esperava reação proporcional na mídia, particularmente no jornal quer publicou a matéria (Folha de S. Paulo). Este blogueiro suscitou a seguinte questão: é preciso atacar a pessoa de Marcela Temer, para defender o direito das mulheres, que elas deixem de viver à sombra dos maridos, que se tornem independentes, que possam educar-se cada vez mais, que sejam donas do próprio nariz, enfim, o que toda pessoa minimamente esclarecida pensa nos dias de hoje? A virulência da senhora Angela resulta exatamente naquilo que ela condena, o direito da mulher ser o que ela quiser. Marcela tem esse direito. Todos temos.
            Com tardança, chegou a esperada resposta no mesmo jornal, com a coluna de ontem de Mariliz Pereira Jorge: E daí se ela não me representa?(http://www1.folha.uol.com.br/colunas/marilizpereirajorge/2016/10/1826727-marcela-nao-me-representa-angela-nao-me-representa-eu-me-represento.shtml)
            Afirma Mariliz:

“É com espanto que toda hora me deparo com textão de lição de moral que se propõe a exaltar a emancipação da mulher, condenando o tipo bela-recatada-do-lar. No fundo, é só arrogância para defender o que as autoras resolveram eleger como legítimos símbolos da mulher moderna.
... Mas não venham legislar sobre a forma como devemos viver, usando o cínico verniz da defesa de um bem maior.”

            Mariliz desenvolve seu artigo de forma equilibrada, não cita nominalmente a autora do texto original, defende a ideia de que cada mulher tem o direito de buscar seu próprio caminho. Entretanto, ao final da crônica, parece que ao introduzir o aspecto político-partidário na questão maior, ela incorre no mesmo erro que a professora uspiana. Parte para o ataque pessoal:

“Espanta nessa ode à defesa dos direitos conquistados que a mesma mão que bate em Marcela não bate em Marisa, tal qual primeira-dama decorativa, mergulhada até o nariz numa mistura mal-ajambrada de botox e preenchimento facial, mulher de político, que vive numa gaiola dourada e, tal qual Marcela, somente isso.”

            E Mariliz conclui de forma enfática, agora sim, dizendo o que precisa ser dito ... e praticado:

“Marcela não me representa. Angela não me representa. Maria não me representa. Joana não me representa. Eu me represento. Já é bem difícil, nenhuma mulher adulta precisa de outra dizendo o que é certo ou errado.”
           
            Afirma Angela Alonso: “O sonho de toda menina devia ser se tornar o que quiser.” (Desde que não seja bela-recatada-do-lar..., digo eu...)
            Confirma Mariliz Pereira Jorge: “... nenhuma mulher adulta precisa de outra dizendo o que é certo ou errado.” (Desde que não faça uso de botox..., digo eu.)
            E assim as feministas vão se digladiando, defendendo direitos individuais, desde que coincidam com seus próprios pontos de vista. Esta não é uma tendência exclusiva das mulheres. Também os homem defendem ferrenhamente o que pensam ser a verdade, esquecendo-se de que a verdade é aquela de cada um.
O defeito é da humanidade, ainda muito atrasada nas questões emocionais.
           


sexta-feira, 28 de outubro de 2016

Síria em guerra

A foto do dia


Prossegue a guerra na Síria. Até quando?


jasmim manga




rubro jasmim manga
a colorir o jardim
festa para os olhos




E replica o poeta Paulo Sergio Viana,  mestre em quadras: 

Salta da terra o jasmim
quase da cor da pitanga,
mas o rei, neste jardim, 
de verdade, é o jasmim manga.




Foto: A.Vianna, out 2016, jardim

H. W. Mesdag

Meus quadros favoritos


Hendrik Willem Mesdag

quarta-feira, 26 de outubro de 2016

Inveja


O novo visualde Newton Ishii, o Japonês da Federal.

Fotomontagem de Edson Sales / Folhapress.

A quem pertencem as cinzas de um homem morto?

  
          O artigo assinado por Pablo Ordaz, para El País de hoje, traz a manchete: Igreja Católica proíbe fiéis de jogar as cinzas dos mortos ou guardá-las em casa. E o subtítulo: Descumprimento da medida pode impedir funeral do falecido.
            A Igreja Católica recomenda que os mortos sejam enterrados. Quando por vontade expressa do morto optar-se pela cremação, fica proibida a dispersão das cinzas no ar, na terra ou na água, ou conservá-las em casa pelos familiares. (A proibição entrou ontem em vigor! Recentíssima, portanto, tal decisão.)
Informa a Igreja que a proibição destina-se a evitar qualquer “mal-entendido panteísta, naturalista ou niilista”. “Os mortos não são de propriedade da família, são filhos de Deus, fazem parte de Deus e esperam em um campo santo sua ressurreição”.
Caso ocorra a dispersão das cinzas na natureza, por razões contrárias à fé cristã, o funeral oficiado pela Igreja será negado.
Segundo a Congregação para a Doutrina da Fé, as cinzas devem ser mantidas “como regra geral, em um lugar sagrado, ou seja, no cemitério, ou, se for o caso, em uma igreja ou em uma área especialmente dedicada para tal fim por autoridade eclesiástica competente”.
Afirma o cardeal alemão Gerhard Mueller: “Os mortos não são de propriedade da família, são filhos de Deus, fazem parte de Deus e esperam em um campo santo sua ressurreição”.
Estou perplexo diante desta nova orientação da Igreja Católica. Além de manter os fieis subjugados à fé principalmente pelo ato da confissão (você está perdoado, pode voltar a pecar, desde que aqui compareça para nova confissão, novo perdão e novos pecados), agora pretende também tornar-se proprietária dos mortos, os enterrados e os cremados.
Afinal, a quem pertencem as cinzas de um homem morto?
No livro do Gênesis (3,19), depois que Adão e Eva comeram o fruto da árvore proibida, Deus diz a Adão: “Com o suor de teu rosto comerás teu pão até que retornes ao solo, pois dele foste tirado. Pois tu és pó e ao pó tornarás.”
Mesmo na condição de ateu, como reza o Velho Testamento, penso que as cinzas de um homem morto pertencem à Natureza. Algum familiar, em vida próximo do morto, dará o destino que lhe aprouver (o finado jamais terá qualquer controle sobre isso), de preferência obedecendo às possíveis orientações do falecido.
Há uma belíssima mata junto ao jardim de minha casa, com árvores altas e frondosas, com ipês que florescem a cada ano. Meu desejo é que minhas cinzas sejam espalhadas neste chão, e quando os ipês florirem, lá estarei eu, entre as flores, beijando o céu. Haverá lugar mais sagrado?