“Poucas coisas inspiram tanto medo na floresta quanto
o uivo de um lobo. Soa como um alarme para que alces, veados e bisões busquem
refúgio.”
Assim começa a reportagem de Renato Grandelle, para O
Globo (24/2), sobre pesquisa realizada pela Universidade de Ontário Ocidental,
no Canadá. Os guaxinins estão dizimando aves, caranguejos e algumas espécies de
peixes nas ilhas da Colúmbia Britânica, no Canadá, e o fazem pela ausência de
grandes carnívoros, já que lobos e pumas desapareceram há mais de 70 anos.
Cientistas espalharam pelas ilhas alto-falantes com o
som dos antigos predadores, o suficiente para inibir os guaxinins, que
diminuíram o tempo de caça e passeio a céu aberto.
A promoção do medo teve reflexos no ecossistema. As
populações de peixes, agora menos perseguidas, voltaram a crescer.
Outro projeto de reintrodução de lobos no parque
americano de Yellowstone, em 1995, cuja região apresentava baixa estatura da
floresta e desaparecimento de diversas espécies, foi capaz de conter a exagerada
população de alces, possibilitando a regeneração destas áreas. Aves e castores,
capazes de represar a água dos rios, que se transformam em habitat para outros
animais, como os patos, anfíbios e répteis, foram atraídos para o local. Os
ursos passaram a aproveitar a carne dos coiotes mortos por lobos. Coelhos e
ratos saíram da toca, atraindo águias e raposas. O solo recuperou força e a floresta
se recompôs, protegendo nascentes e cabeceiras dos rios.
Parece que o medo faz parte da predação, que é um dos
componentes essenciais para a preservação da biodiversidade.
Muito interessante! Como a cadeia alimentar e o equilíbrio entre as espécies no ambiente é sutil! E como é grosseira a intervenção humana!
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