quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

Medo do lobo



“Poucas coisas inspiram tanto medo na floresta quanto o uivo de um lobo. Soa como um alarme para que alces, veados e bisões busquem refúgio.”
Assim começa a reportagem de Renato Grandelle, para O Globo (24/2), sobre pesquisa realizada pela Universidade de Ontário Ocidental, no Canadá. Os guaxinins estão dizimando aves, caranguejos e algumas espécies de peixes nas ilhas da Colúmbia Britânica, no Canadá, e o fazem pela ausência de grandes carnívoros, já que lobos e pumas desapareceram há mais de 70 anos.
Cientistas espalharam pelas ilhas alto-falantes com o som dos antigos predadores, o suficiente para inibir os guaxinins, que diminuíram o tempo de caça e passeio a céu aberto.
A promoção do medo teve reflexos no ecossistema. As populações de peixes, agora menos perseguidas, voltaram a crescer.
Outro projeto de reintrodução de lobos no parque americano de Yellowstone, em 1995, cuja região apresentava baixa estatura da floresta e desaparecimento de diversas espécies, foi capaz de conter a exagerada população de alces, possibilitando a regeneração destas áreas. Aves e castores, capazes de represar a água dos rios, que se transformam em habitat para outros animais, como os patos, anfíbios e répteis, foram atraídos para o local. Os ursos passaram a aproveitar a carne dos coiotes mortos por lobos. Coelhos e ratos saíram da toca, atraindo águias e raposas. O solo recuperou força e a floresta se recompôs, protegendo nascentes e cabeceiras dos rios.
Parece que o medo faz parte da predação, que é um dos componentes essenciais para a preservação da biodiversidade.





Um comentário:

  1. Muito interessante! Como a cadeia alimentar e o equilíbrio entre as espécies no ambiente é sutil! E como é grosseira a intervenção humana!

    ResponderExcluir