quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

Boi Neon


     Recomendei o filme a um amigo, cinéfilo respeitável, – melhor dizendo, não recomendei, pedi que fosse vê-lo, sem qualquer comentário adicional – e a resposta que ele me deu define bem o que pensar de Boi Neon:  
            – Que porra de filme é esse?
            Pois é exatamente a pergunta que muitos hão de fazer ao final do filme. E isso me parece tão verdadeiro que, numa entrevista a Renato Hermsdorff (no site Adoro cinema, 15/1/2016), Juliano Cazarré, o protagonista de Boi Neon, em tom provocativo, afirmou:
            – Se estiver achando ruim, levanta e sai.
Premiado em Veneza (prêmio especial do júri para o diretor), Toronto (menção honrosa) e no Festival do Rio (filme, roteiro, fotografia e atriz coadjuvante para Alyne Santana), o longa dirigido por Gabriel Mascaro chega agora ao Brasil.
            Cazarré assim define o filme:
– O fundamental, para o Gabriel e para mim, é contar essa história doida, contar essa história torta, questionadora. E as pessoas vão ter que dormir com esse barulho. Lida com isso! Se tiver achando ruim, levanta e sai.
            Subvertendo as noções de gênero em pleno agreste, o homem costura e a mulher dirige o caminhão; o rapaz passa roupa e ela conserta o motor; o vaqueiro alisa o próprio cabelo e ela gosta do seu pixaim.
            Cenas de nudez masculina (uma ótima tomada dos vaqueiros tomando banho de cuia) e a longa cena sexo com uma mulher grávida (que apesar de bela, pareceu-me deslocada e sem propósito) chamam a atenção do público.
            A história é bem contada, às vezes lenta demais, outras vezes doida demais como afirma o próprio Cazarré (com ótimo desempenho, aliás), e até surpreendente em muitas ocasiões, o que justifica a pergunta do meu amigo, “Que porra de filme é esse?”
            Difícil qualificar Boi Neon, mas vale a pena assistir.




2 comentários:

  1. Perfeito comentário. Como o sr é um cavalheiro, não falou da bosta, que alias, abunda no filme.

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    1. Não falei, mas é verdade. Boi pra cá, boi pra lá, tinha que haver bosta de boi...

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