segunda-feira, 16 de novembro de 2015

Epigenética, um conceito fundamental

Até onde chega nosso conhecimento científico atual, Drauzio Varella foi definitivo em seu artigo do último sábado (14/11) na Folha de S. Paulo, Homossexualidade e DNA. Ele afirma:

“A homossexualidade tem forte componente genético. Diversos estudos com gêmeos univitelinos demonstraram que, quando um deles é homossexual, a probabilidade de o outro também o ser varia de 20% a 50%, ainda que separados quando bebês e criados por famílias estranhas.”

            Até agora, o problema era que a simples identidade de genes não justificava a ocorrência da homossexualidade em todos os casos, e a identificação dos chamados “genes gay” não pôde ser confirmada cientificamente.
            Aí é que entra uma área bem mais recente do conhecimento denominada Epigenética, que não pode ser ignorada pelo leitor comum, definida com propriedade por Varella:

“Damos o nome de epigenéticas às alterações químicas do DNA que modificam a atividade dos genes sem no entanto alterar-lhes a estrutura química. Durante o desenvolvimento, os cromossomos podem sofrer reações químicas que não afetam propriamente os genes, mas podem "ativá-los" ou "desligá-los". O exemplo mais conhecido é a metilação, processo em que um radical metila (CH3) se fixa a uma região específica do DNA, formando o que chamamos de epimarca.”

Assim, epimarcas que atuam sobre genes responsáveis pela sensibilidade à testosterona podem conduzir à homossexualidade, quando transmitidas do pai para a filha ou da mãe para o filho. Segundo Varella, “ainda no ventre materno, epimarcas que afetam a resposta às ações da testosterona produzida pelos testículos ou ovários fetais são capazes de masculinizar o cérebro de meninas ou afeminar o dos meninos, conduzindo mais tarde à atração homossexual.”
O antigo conceito de que a determinação do sexo estaria ligada exclusivamente à presença dos cromossomos XX ou XY está definitivamente ultrapassada. “A homossexualidade é um fenômeno de natureza tão biológico quanto a heterossexualidade. Esperar que uma pessoa homossexual não sinta atração por outra do mesmo sexo é pretensão tão descabida quanto convencer heterossexuais a não desejar o sexo oposto”, afirma o renomado médico, escritor e articulista.
            E Drauzio Varella termina sua crônica da maneira mais enfática e definitiva possível:

“Os que assumem o papel de guardiões da família e da palavra de Deus para negar às mulheres e aos homens homossexuais os direitos mais elementares não são apenas sádicos, preconceituosos e ditatoriais. São ignorantes.”

            Ao que acrescento: até que novas descobertas cientificamente bem embasadas sejam divulgadas.






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