quinta-feira, 19 de novembro de 2015

Uma mesinha na calçada



             A crônica de hoje (19/11) de Luís Fernando Verissimo no Estadão, intitulada Volta, começa com a descrição do retorno das férias, aquela sensação de “sair de um coma”. Mas o colunista logo desperta, para tratar dos últimos acontecimentos ocorridos em Paris.
            Reproduzo aqui as palavras de Veríssimo, porque não consegui fazê-lo com minhas próprias palavras, o que penso retratar de forma perfeita o que era estar em Paris, numa simples mesinha na calçada:

“Mesinha. Não existe lugar para você se sentir ao mesmo tempo no mundo e fora do mundo como uma mesa de calçada em Paris, tomando um café ou um “verre”. Entre turistas e nativos passa o mundo na sua frente. Você e eles estão na cidade mais cosmopolita do planeta, onde os pequenos prazeres (a mesa na calçada, o café, o “verre”) e os grandes prazeres (a beleza da cidade em si e o banquete cultural que ela oferece) convivem como em nenhum outro lugar da Terra. Ao mesmo tempo, em nenhum outro lugar você se sentia tão longe das desavenças e dos perigos do mundo como na sua pacífica mesinha de calçada. Não mais. Tanto os pequenos quanto os grandes prazeres de Paris entraram no raio de alcance dos rifles AK-102.”

            A possibilidade de perder esse privilégio para sempre me parece impensável. Recuso-me a aceitar que, então, o terror venceu. Sim, pode-se falar em Paz – há cartazes com esta palavra nas calçadas do mundo inteiro, junto à velas e flores, em homenagem aos mortos de Paris – porém depois que os extremistas do Estado Islâmico tenham sido eliminados da face da Terra.
A paz precisa ser conquistada.
           



Foto: Mercêdes Fabiana, Paris, 2015.

2 comentários:

  1. Concordo Dr! Nestes tempos, talvez seja uma intransigência suicida apreciar Paris como ela merece ser apreciada. Mas quando transigir significa se intimidar, não há escolha: fico com a intransigência.

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  2. O E.I. é o lugar para quem não encontra seu lugar no mundo. Paris é o lugar para quem encontra.

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