Se é verdade que
Literatura é forma – e sou daqueles que pensa que é! –, Evandro Affonso
Ferreira talvez seja o mais importante escritor brasileiro da atualidade.
Se a opinião deste
blogueiro vale tanto quanto um risco n’água – e penso que não vale mesmo mais
do que isso –, fiquemos com o julgamento de Alcir Pécora, um dos nossos mais
agudos críticos literários: o homem tem estilo.
Evandro, nascido em 1945,
é natural de Araxá – MG, radicado em São Paulo há 40 anos. Antes da trilogia
que motivou esta crônica, ele publicou Grogotó!
(Topbooks), Araã (Hedra), Erefuê, Zaratampô! e Catrâmbias
(estes três pela Editora 34).
São títulos muito
estranhos, como estranhos são os títulos da trilogia que tem início com Minha mãe se matou sem dizer adeus
(Record, 2010), prêmio APCA de melhor romance. Depois veio O mendigo que sabia de cor os adágios de Erasmo de Rotterdam (Record,
2012), prêmio Jabuti 2013. E a trilogia se encerra com Os piores dias de minha vida foram todos (Record, 2014), atual
finalista do Jabuti.
O leitor não espere tanto
do conteúdo, de histórias ou enredos – a Morte está presente em todos os
momentos. O estilo sim, é espetacular e originalíssimo!
Eis pequena amostra,
extraída de Minha mãe se matou sem dizer
adeus:
“É domingo. Chove choro. É choro sem lágrimas. É dor invisível feito eu.
É plangência que se aquieta nas entranhas. Sou introspectivo até para sofrer.
Vida toda assim: enrodilhado em mim mesmo; homem-caramujo. Ultimamente me
pareço mais com homem-parede revestido de papel-palavra. Ficaria menos triste
se ela minha mãe tivesse deixado pelo menos um bilhete elíptico com apenas três
vocábulos: PERDÃO PRECISO PARTIR. Mas partiu sem dizer adeus.”
Vale
a pena conferir.
Vamos ler!
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