A começar pela capa da
edição brasileira, Judas, de Amós Oz (Companhia das Letras, 2014) é um grande
romance! Foto da magnífica escultura de Constantin Brâncusi (Romênia, 1876 –
Paris, 1957), O Beijo, de 1908, ilustra a capa do livro. Nada mais sugestivo! A
excelente tradução, diretamente do hebraico, é de Paulo Geiger.
O
autor, nascido em Jerusalém em 1939, é considerado hoje o mais influente
escritor israelense, fundador do movimento Paz Agora. Ele defende a coexistência
de dois Estados independentes, o palestino e o israelense.
Em
Judas, Oz mistura dois conflitos fundamentais: a criação do Estado de Israel e
a consequente e quase insolúvel disputa entre árabes e judeus, e a “criação” do
cristianismo, através da relação entre Jesus e Judas Iscariotis. (O livro bem
que poderia receber o título de Evangelho segundo Judas Iscariotis.)
Uma
boa dose de erotismo é acrescentada pela ambígua relação entre o jovem Shmuel
Asch e a bela viúva Atalia Abravanel, mulher marcada definitivamente pelas funestas
consequências da guerra.
O
tema central do livro, a traição, tanto na figura de Judas quanto na do próprio
autor, recebe tratamento original: o traidor pode ser o mais leal seguidor.
Um
belo romance!
Nunca esqueço a brilhante entrevista do escritor à Roda Viva, ano passado. O homem é um verdadeiro humanista. Na ultima feira do livro em Israel, aceitou com simpatia e entusiasmo que um conto seu fosse traduzido para o Esperanto, manifestando expressivo apoio à língua internacional.
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