Quando o livro é bom, não
o largamos até que chegue à última página. Quando o livro é ótimo, leio-o bem
devagar, aos bocadinhos, para que não chegue nunca a última página!
Pois está a me acontecer com o Contos cariocas, de Artur
Azevedo, em linda edição da Com-Arte e Edusp editoras, lançado em 2011, capa
dura, cabeceado, sobrecapa, papel de boa qualidade, impressão primorosa. Esta segunda
edição (a primeira data de 1928, póstuma, pois o autor publicava seus textos em periódicos) é fruto do trabalho de alunos das disciplinas
Introdução à Ecdótica e Laboratório de Produção Editorial, do Curso de
Editoração da ECA-USP.
O texto, saborosíssimo! Artur Azevedo nasceu em São Luís,
Maranhão, em 1855, e morreu no Rio de Janeiro, em 1908. Foi contemporâneo e
amigo de Machado de Assis, colegas no serviço público e na Academia Brasileira
de Letras. Cronista do Rio de Janeiro no final do século XIX e início do século
XX, registrou nesses Contos cariocas o cotidiano carioca com finíssimo senso de
humor. É considerado o “consolidador da comédia de costumes do Brasil, gênero
inaugurado por Martins Pena (1815-1848)”, segundo Bruno Tenan, responsável pela
biografia do autor ao final do volume.
Em todos os contos há curiosas notas de rodapé dos
editores, referentes às palavras cujo uso decaiu com o tempo, àquelas
consideradas mais eruditas, aos epônimos variados, às gírias principalmente.
Alguns exemplos: folgazão, pelintra, escoima, quimera, apareceste ao pintar,
dar um passeio à burra, borracheira, tocar leques por bandurra, meter-se de
gorra, bicho-careta, melúrias, obtemperar, landau, gaudério, enfarado, lambujem,
candongas, integérrimo, piabar, toleirão, e por aí vai o autor. Mas a que eu gostei mesmo foi de ... bilontra.
Se o leitor
deste blog não conhece algum destes termos, leia o livro, e há de me agradecer
para sempre! Além de dar boas gargalhadas!
Eu, com o
coração partido, vou ler agora o último conto, intitulado João Silva. O que é
bom dura pouco...