domingo, 31 de outubro de 2021

Play it safe




O curta-metragem quando é bom, pega na veia da gente. É o caso de Play it safe (2021), escrito e dirigido por Mitch Kalisa, disponível na plataforma MUBI.

            Depois de ver quatro vezes seguidas o filme de 12 min 58 seg, sinto imperiosa necessidade de escrever sobre ele; não penso que esteja fazendo um spoiler, pois o que realmente importa é o que ficará na mente de cada um que o assistir. Cada um ficará com seus próprios sentimentos e ideias sobre o que acabou de ver.

            À primeira imagem percebemos que se trata de uma aula para jovens aprendizes de teatro ou cinema; no centro da roda, uma moça imita um felino selvagem, ao rastejar pelo chão. Ao final ela é aplaudida, mas a professora pede mais empenho.

            Corte na cena: a sala será ocupada por outra classe, e o grupo se desloca para o andar de cima. No corredor, Jonathan (Jonathan Ajayi), o único negro do grupo, é convidado por alguns colegas, aparentemente de classe sócio-econômica superior, para uma festa, e denota certo desconforto. Os colegas afirmam que ele não precisa se preocupar com as despesas, que ficarão por conta deles. Além do que haverá uma moça muito interessada em conhecê-lo, e a fotografia dela no celular é mostrada a Jonathan. O desconforto dele agora é patente, ao ser tratado como objeto, foco até de curiosidade.

            Em seguida dois colegas lhe oferecem um papel em certo roteiro, que vem a calhar com sua pessoa, que será muito valorizada pelo texto. Jonathan segue cada vez mais desconfortável, bastante desconfiado e inquieto, diante da tentativa de manipulação francamente racista. Por quê o papel há de servir para um ator negro? (Não consegui ler o texto mostrado no filme, que parece indicar que o personagem seria um bandido.)

            Sentados no chão, formando uma roda, tem início o próximo exercício. A aluna passa uma cartola contendo baralho com figuras de animais. A colega retira carta com a figura de um esquilo e o representa. Agora é a vez de Jonathan; ele fecha os olhos e retira uma carta; a reação de contrariedade é imediata, o semblante se fecha, a perturbação é mais que evidente; a carta mostra a figura de um macaco.

            Talvez Jonathan não faça representação alguma, tamanha sua contrariedade. O grupo aguarda, apreensivo; a professora pergunta se está tudo bem. A dúvida sobre o que virá em seguida toma conta igualmente do expectador que vê o filme.

            Até que a atuação de Jonathan tem início. Lentamente ele se curva, fecha os punhos e os apoia no chão, com forte ruído. Urros guturais impressionantes são emitidos, à medida que o ator caminha pela sala. A câmera nunca o revela por inteiro, mostra apenas partes desfocadas de seu corpo, sua expressão facial não é revelada, o que potencializa o clima de suspense e mistério. 

            A câmera passeia pela sala, demora nas expressão de surpresa, aflição, mal-estar, medo, desconforto intenso de todo o grupo, incluindo a professora, que se assusta com um grito mais agudo do “animal”. Aos poucos Jonathan se aquieta, retorna ao seu lugar na roda, o suor pregado em sua testa.

            O grupo não volta a ser mostrado, termina o filme. O desconforto persiste em nós.

 

sexta-feira, 29 de outubro de 2021

Dia Nacional do Livro



 Homenagem ao Livro

29 de outubro

Fundação da Biblioteca Nacional

Ruy Castro ganha Prêmio Machado de Assis

Ruy Castro ganha Prêmio Machado de Assis

Foto: Marcos Ramos / Agência O Globo

 

 

Ruy Castro ganha o Prêmio Machado de Assis de 2021, pelo conjunto de sua obra. Decisão dos Acadêmicos em reunião ordinária da ABL, nesta quinta-feira, dia 28 de outubro. O prêmio não era entregue desde 2017. 

“Ruy Castro nasceu em 1948, em Caratinga (MG). Começou como repórter em 1967, no Correio da Manhã, do Rio, e passou por todos os grandes veículos da imprensa carioca e paulistana. A partir de 1990, concentrou-se nos livros. É autor de biografias de Carmen Miranda, Nelson Rodrigues e Garrincha ("Estrela solitária", vencedor do Jabuti), e de livros de reconstituição histórica, sobre o samba-canção, a Bossa Nova, Ipanema e o Flamengo. É cidadão benemérito do Rio de Janeiro.”

O Prêmio Machado de Assis, desde 1941, é entregue a autores que se destacam pelo conjunto da obra. Já receberam o prêmio Cecília Meireles, Guimarães Rosa, Rubem Fonseca, Silviano Santiago, Ferreira Gullar, Ana Maria Machado, Antonio Candido e João José Reis.

Parabéns ao grande Ruy Castro, um dos melhores cronistas do país!

 

https://oglobo.globo.com/cultura/livros/academia-brasileira-de-letras-retoma-premio-machado-de-assis-premia-escritor-ruy-castro-25255801?utm_source=Twitter&utm_medium=Social&utm_campaign=compartilhar

 

Paisagem marroquina

Meus quadros favoritos


Henri Matisse, 1909. 

A dureza da vida



Foto do turco Mehmet Aslan foi a vencedora do

Concurso Internacional de Fotografia de Siena

Mehmet Aslan/SIPA Contest

 

 

Foto vencedora do Concurso Internacional de Fotografia de Siena deste ano.

          "Chamada "Hardship of Life" (a dureza da vida), a imagem do fotógrafo turco Mehmet Aslan mostra o refugiado Munzir al-Nazzal, que teve a perna direita amputada ao ser atingido por uma bomba quando andava em um mercado na cidade de Idlib, no norte da Síria." 

          "Ele segura em seus braços Mustafa, 5, que nasceu sem os membros superiores e inferiores devido a um problema congênito causado pelas medicações que sua mãe, Zeynep, teve que tomar após ser atingida por um gás tóxico em meio ao conflito."


          A força da imagem ao retratar a tragédia da guerra!

  

https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2021/10/foto-comovente-de-pai-e-filho-feridos-na-guerra-siria-vence-premio-internacional.shtml

quinta-feira, 28 de outubro de 2021

Maria Altamira



 

O que poderá unir uma pequena cidade soterrada no Peru, o Rio Xingu com sua Usina de Belo Monte, e os migrantes que vivem na gigante São Paulo? Pois no Prólogo, Maria José Silveira, autora de Maria Altamira (Editora Instante, 2020), adverte com sabedoria: “Uma história começa em qualquer lugar e em qualquer momento.”

      Maria Altamira relata a trajetória de mãe e filha por caminhos distintos, em meio à miséria, injustiça, violência, agravadas pela devastação ambiental ocorrida pela construção da Usina de Belo Monte, no Xingu. 

Alelí, sozinha no mundo, sem rumo, carrega um instrumento de cordas construído com a carapaça de tatu e um canivete, que serve dentre outras coisas para lhe autoinfligir dor, com objetivo de aplacar dor maior. Acolhida por uma boa alma na cidade de Altamira, alí dá à luz a uma menina que recebe o bonito nome de Maria Altamira. Alelí abandona a filha e torna a sumir no mundo.

Maria Altamira tem sangue índio, retorna às suas origens, briga por sua gente, depois de uma temporada em São Paulo, para conhecer a vida junto a outros sem-teto. A partir daí a história gira em torno da indignação causada nos moradores locais pelas obras da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, ameaça de destruição das comunidades ribeirinhas e indígenas do Xingu, os maiores desvalidos.

Maria José Silveira, goiana de nascimento, é escritora, editora, tradutora, formada em Comunicação pela Universidade de Brasília, e Antropologia pela Universidad Mayor de San Marcos, Lima, Peru, além de mestre em Ciências Políticas pela USP. Seu primeiro romance, A mãe da mãe de sua mãe e suas filhas, de 2002, recebeu o Prêmio Revelação da APCA. Maria Altamira é seu sétimo romance.

A escrita de Silveira, se não é empolgante, é correta, tem estilo próprio, alterna a forma tradicional com o falar regionalista do Norte. A importância maior do Romance, em meu ponto de vista, reside na denúncia da devastação ambiental sob pretexto de desenvolvimento do país. E, naturalmente, no sofrimento que acarreta ao ser humano.

A capa do livro, sofisticadíssima, tanto na composição do desenho quanto na escolha do papel, é de autoria de Fabiana Yoshikawa e Renato Hofer. 

Guardo as melhores lembranças da quinzena que passei às margens do Xingu, em companhia de meu amigo Sergio Pripas. Foi lá que experimentei pela primeira vez a terrível sensação de fome, por falta de comida mesmo! Este mesmo problema assola nosso país nos dias atuais, para tristeza dos homens de bem. 

Um bom livro, Maria Altamira.

 

Uma semi-final espetacular!


Nikão marca 2 contra o Flamengo

Delmiro Junior/Photo Premium/Ag. O Globo

 

 

Dedico esta pobre crônica ao meu amigo Moisés, flamenguista doente, que ontem sofreu como nunca diante da vitória acachapante do Athlético Paranaense sobre o Flamengo, por 3 a 0.

            Diante de 30.000 torcedores de volta ao Maracanã, o time carioca era o franco favorito para chegar à final da Copa do Brasil, pois no primeiro jogo, em Curitiba, houve empate de 2 a 2. A presença em campo de Bruno Henrique era indicativo de vitória fácil. Porém, como este cronista não cansa de repetir, Futebol Não Tem Lógica.

            Aos 8 min de jogo, o prenúncio de tragédia; Nikão marca em cobrança de pênalti, confirmado pelo VAR, e coloca mais pressão sobre os donos da casa, e sobre Moisés, naturalmente! Que torcedor de futebol já não experimentou a sensação – Isso Não Vai Dar Bom Resultado – ao ver seu time, que precisa da vitória, sofrer gol nos primeiros minutos de um jogo decisivo?

            Depois disso, o Athlético assumiu, sem qualquer pudor, a retranca, verdadeiro ferrolho suíço, como se dizia no meu tempo. O Flamengo, o melhor time do Brasil na atualidade, partiu para cima do adversário, transformando a partida em ataque contra defesa. O torcedor rubro-negro certamente mantinha esperança de vitória, seu time tem jogadores de qualidade e entusiasmo para tanto. O Flamengo quase cavou um pênalti aos 33 min, assinalado pelo juiz e anulado corretamente pelo VAR. Porém, em contra-ataque fulminante, jogo predileto dos curitibanos, Nikão marca seu segundo gol aos 52 min (!) ainda do primeiro tempo. Situação desesperadora, não Moisés!

            No segundo tempo, Michael renovou as esperanças do Flamengo, ao emprestar dinâmica nova ao ataque e sufocar o adversário. Foi aí que surgiu o milagreiro chamado Santos, com defesas espetaculares, incluindo a que desviou para o travessão chute do próprio Michael. Foram mais de 10 defesas incríveis do melhor goleiro do Brasil, depois de Weverton Pereira da Silva, do Palmeiras. 

            O Flamengo insistia em bolas alçadas na área; o nervosismo tomando conta do time; Santos a fazer milagres; o ferrolho funcionando como muralha; Khellven expulso após dura falta em Ramon, aos 35 min, deixando o adversário com 10 em campo; nada disso adiantou. No finalzinho, em contra-ataque mortal, Zé Ivaldo ampliou o placar para os inacreditáveis 3 a 0. Derrota feia.

            Para mim, as inesperadas vaias dirigidas a Renato Gaúcho, treinador incensado há poucos dias, foram imerecidas. A derrota não foi responsabilidade do técnico, mas a tresloucada torcida exige um culpado. Futebol tem dessas coisas. Querem saber de quem foi a culpa? Dos Deuses Do Futebol!

            Meu receio é que, enfurecido, o Flamengo desconte no Palmeiras, na final da Libertadores em Montevidéu. Espero que não, mas se ocorrer, ficarei feliz pelo Moisés.

quarta-feira, 27 de outubro de 2021

Capelão chefe de Harvard é ateu

 


Ateu, Greg Epstein foi eleito presidente dos capelães

da Universidade de Harvard, criada por cristãos.

Foto: Cody O'Loughlin/The New York Times

 


Novo capelão chefe de Harvard é um ateu, é o título de artigo de Emma Goldberg, para The New York Times, em O Estado de S.Paulo hoje (27).

A Universidade de Harvard adota o lema “Verdade para Cristo e a Igreja” e recebeu o nome de um pastor, John Harvard. “Quase quatro séculos depois, a organização de capelães de Harvard elegeu como seu próximo presidente um ateu chamado Greg Epstein, que assumiu o cargo no final de agosto.” 

Epstein, 44, autor do livro Good Without God, vai coordenar as atividades de mais de 40 capelães universitários, que lideram as comunidades cristã, judaica, hindu, budista, além de outras comunidades religiosas no campus. 

“Há um grupo crescente de pessoas que não se identificam mais com nenhuma tradição religiosa, mas ainda sentem uma necessidade real de conversas e apoio sobre o que significa ser um bom ser humano e viver uma vida ética”, disse Epstein.” 

“Em um ambiente universitário mais conservador talvez pudesse haver uma pergunta como ‘Que diabos estão fazendo em Harvard, tendo um humanista como presidente dos capelães?’, disse Margit Hammerstrom, capelã da Ciência Cristã em Harvard. “Mas neste ambiente funciona. Greg é conhecido por querer manter as linhas de comunicação abertas entre as diferentes crenças.” 

“As dezenas de alunos orientados por Epstein encontraram uma fonte de significado na organização da escola de humanistas, ateus e agnósticos, refletindo uma tendência mais ampla de jovens nos Estados Unidos que se identificam cada vez mais como espiritualizados, mas sem filiação religiosa.” 

“Não olhamos para um Deus procurando respostas”, Epstein disse. “Nós somos as respostas um do outro.” “Ser capaz de encontrar valores e rituais, mas não ter que acreditar na magia é uma coisa poderosa”, disse A.J. Kumar, que foi presidente de um grupo de estudantes de pós-graduação humanista de Harvard que Epstein aconselhou.” 

 

Novos ares em Harvard!

 

 

https://internacional.estadao.com.br/noticias/nytiw,o-novo-capelao-chefe-de-harvard-e-um-ateu,70003879701

 

terça-feira, 26 de outubro de 2021

Topografia da França

Eu amo mapas


 Mapa topográfico da França

Mania de saber

 

1  Sinal diacrítico

 

Gostava de aprender, qualquer coisa, tudo que pudesse. Ficou feliz ao saber que o til não é um acento gráfico, mas um sinal diacrítico.

 

 

2  Protactínio

 

Alegria imensa ao saber que o protactínio (Pa) é um metal cinza prateado de brilho metálico, supercondutor, muito raro na crosta terrestre.

 

 

3  Tardígrado

 

Ainda mais feliz quando soube que o tardígrado pode sobreviver a temperaturas próximas ao zero absoluto (-273,15 °C), até 150 °C.

 

 

4  Putativo

 

Total admiração quando descobriu que o adjetivo putativo significa alguma coisa falsamente atribuída a alguém ou algo; ou suposta.

 

 

5  Lazer

 

Sua distração preferida era folhear aleatoriamente o Dicionário Analógico.

 

Amordaçado

Charge do dia



 Benett para a Folha de S.Paulo

Sinal diacrítico

 



 

Gostava de aprender, qualquer coisa, tudo que pudesse. Ficou feliz ao saber que o til não é um acento gráfico, mas um sinal diacrítico.


segunda-feira, 25 de outubro de 2021

Paulina Chiziane ganha o Camões


Paulina Chiziane

Foto: Otávio de Souza/Wiki Commons

 

 

Prêmio Camões 2021 vai para a moçambicana Paulina Chiziane (Publishnews, Redação, 21 out 2021).

A escritora moçambicana Paulina Chiziane, 66 anos, é a primeira mulher africana a vencer o prêmio, e leva para casa 100 mil euros. Ela também é reconhecida como uma das pioneiras da literatura de seu país.

O anúncio foi feito pela Biblioteca Nacional no início da tarde da última quarta-feira (20). 

“A importância que Chiziane dá em seus livros aos problemas da mulher moçambicana e africana e seu trabalho recente de aproximação aos jovens foi lembrado pelos jurados.”

“Paulina é hoje uma das vozes da ficção africana mais conhecida internacionalmente, sendo também a primeira mulher a publicar um romance por lá, a obra Balada de amor. Por aqui, a Dublinense lançou em 2018 O alegre canto da perdiz, que aborda a situação precária das negras em Moçambique, e a Companhia das Letras lançou este ano, uma nova edição de Niketche: Uma história de poligamia, que conta a história de uma mulher que decide procurar as outras mulheres de seu marido, depois de descobrir que elas existem.”

Precisamos ler Paulina Chiziane!  

 

https://www.publishnews.com.br/materias/2021/10/21/premio-camoes-2021-vai-para-a-mocambicana-paulina-chiziane

 

Topografia da Grã-Bretanha

Eu amo mapas


 Grã-Bretanha

Basta!

Charge do dia


 Laerte

Ninguém aguenta mais!


domingo, 24 de outubro de 2021

Papa-capim-capuchinho




 

O papa-capim-capuchinho, coleirinho baiano ou baiano (Sporophila nigricollis) é uma ave da família Emberizidae.

É encontrado na Argentina, Bolívia, Brasil, Colômbia, Costa Rica, Equador, Granada, Guiana, Panamá, Paraguai, Peru, Suriname, Trindade e Tobago e Venezuela. Já ocorreu como errante na ilha de Saint Vincent.

Os seus habitats são arbustos em clima tropical de alta altitude, pastagens e florestas antigas altamente degradadas.

Seus hábitos reprodutivos e características biológicas e de alimentação são parecidos aos dos coleirinhos. As fêmeas e os filhotes são idênticos, havendo entre os machos clara distinção entre as duas espécies, já que o papa-capim-capuchinho não possui a gravata sub-mandibular. 

O período de reprodução normalmente compreende a primavera e o verão, quando as fêmeas fazem os ninhos em pequenos arbustos, onde podem ser vistos 2 ou 3 ovos. O período de incubação geralmente compreende 13 dias. Neste período, o casal pode ser altamente territorialista. Fora do período reprodutivo, podem ser vistos em pequenos bandos.

 

https://pt.wikipedia.org/wiki/Papa-capim-capuchinho



Fotos: AVianna, set 2021, jardim

 

sexta-feira, 22 de outubro de 2021

Estupro de crianças


62 mil crianças foram estupradas nos últimos quatro anos no Brasil. Reportagem de Cristiane Noberto (22 out 2021) para o Correio Braziliense.

“No Brasil, 179.277 crianças e adolescentes, entre 0 a 19, foram vítimas de estupro entre 2017 e 2020. 

Do total, crianças de até 10 anos são 62 mil das vítimas, ou seja, um terço dos registros. 

Os dados fazem parte do Panorama da Violência Letal e Sexual contra Crianças e adolescentes no Brasil, levantamento do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), em conjunto com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, lançado na manhã desta sexta-feira (22/10).

Uma média de 45 mil crianças e adolescentes foram estuprados nos quatro anos abordados no estudo. A maioria dos casos é contra meninas, quase 80% do total. A maioria foi abusada entre 10 e 14 anos, com prevalência aos 13 anos.

Já entre os meninos, os casos de violência sexual concentram-se especialmente entre 3 e 9 anos de idade. “Nos últimos quatro anos, foram estupradas no Brasil mais de 22 mil crianças de 0 a 4 anos, 40 mil de 5 a 9 anos, 74 mil crianças e adolescentes de 10 a 14 anos e 29 mil adolescentes de 15 a 19 anos”, diz trecho do estudo.

Mato Grosso do Sul tem pior taxa

Os dados de 2020 mostram que Mato Grosso do Sul tem a pior taxa de estupros do Brasil. Foram registrados no ano 186 a cada 100 mil habitantes. Os números são seguidos por Rondônia (146,2), Paraná (139,7), Mato Grosso (136,5) e Santa Catarina (135,2). Por outro lado, segundo o estudo, os estados do Centro-oeste mostraram redução dos casos ao longo dos anos.”

 

E agora, dizer o quê sobre isso tudo? Apenas indignação, dor, sofrimento. Mas também falta de políticas públicas, há séculos, para atacar o problema.


 

https://www.correiobraziliense.com.br/brasil/2021/10/4957297-62-mil-criancas-foram-estupradas-nos-ultimos-quatro-anos-no-brasil.html

 

 

 

Amor e dor



 Amor e Dor, de Edvard Munch
pintada entre 1893 e 1895
 

A obra recebeu o título de A vampira, dado pelo crítico Stanisław Przybyszewski, amigo de Munch. 

A pintura mostra um homem e uma mulher de longos cabelos vermelhos, se abraçando. A mulher parece beijar ou morder o pescoço do homem. O próprio Munch sempre afirmou que não mostrava nada mais do que "apenas uma mulher beijando um homem no pescoço".

Munch pintou várias do mesmo tema. Três versões estão na coleção do Museu Munch em Oslo, uma é mantida pelo Museu de Arte de Gotemburgo, outra é propriedade de um colecionador particular.  

 

https://pt.wikipedia.org/wiki/Amor_e_Dor

Novo Museu Edvard Munch em Oslo





 

“Nesta sexta-feira (22), o Museu Munch muda-se para o centro da cidade, dentro de uma torre espaçosa e moderna.

"Pode ser o maior museu dedicado a um único artista", disse o diretor do museu Stein Olav Henrichsen.

Com 13 andares e mais de 26.000 metros quadrados, o novo edifício apelidado de "Lambda" oferece cinco vezes mais espaço de exposição do que o edifício sombrio que até agora abrigava o tesouro nacional no popular bairro de Tøyen. 

Solteiro e sem filhos, Munch (1863-1944) legou sua obra à cidade de Oslo, escolhida em sua velhice em detrimento do Estado norueguês. Herdeiro inicial, o país caiu nas mãos da Alemanha nazista, que considerava este pioneiro do expressionismo um representante da "arte degenerada".

Como não poderia ser diferente, a coleção contém "O Grito", emblema do museu apresentado em diferentes versões, e outras obras importantes como "Amor e Dor", "Madonna" ou "A menina doente". 


https://www.em.com.br/app/noticia/internacional/2021/10/22/interna_internacional,1316108/museu-edvard-munch-inaugura-casa-monumental-em-oslo.shtml 

No ringue

Outra charge do dia,

ainda melhor! 


André Dahmer

Falta humanidade!

Charge do dia 



Amarildo

Se me perguntam...

 



Se me perguntam que manifestação será a mais legítima nesses dias sombrios que vivemos, respondo que é a de Indignação. Impossível não se indignar diante de mais de 600.000 mortes de compatriotas nossos, grande parte das quais poderia ter sido evitada. José Saramago, nosso Nobel da Língua Portuguesa, não cansava de enfatizar que não podemos perder a capacidade de nos indignar.

 

Se me perguntam que pré-requisito dever ser exigido em toda e qualquer manifestação, respondo que é a Verdade. O fenômeno das fake news, tão difundido por parcela da população que se identifica com os governos de extrema direita em todo o mundo, deve ser deve ser visto como praga tão letal quanto o coronavírus. A mentira propaga a morte cultural de uma sociedade e deve ser combatida sem descanso.

 

            Se me perguntam qual a forma de manifestação mais adequada para o momento, respondo que todas as formas são válidas e necessárias, exceto as que se utilizam da Violência. Cabem manifestações pacíficas de rua, artigos publicados em jornais e revistas, postagens em redes sociais, sites e blogs, discussão em variados grupos e universidades, entrevistas no rádio e televisão, enfim, tudo que possa levar informação confiável à população. O bom uso da palavra será sempre indispensável, com respeito à língua e às pessoas, com civilidade, sem grosserias, forma digna de demonstrar empatia para com os mais desvalidos.

 

            Se me perguntam que outra manifestação fundamental precisa ser exercida em prol de um país melhor, de um mundo melhor e mais justo, repondo que é aquela em defesa intransigente da Educação. Apenas a Educação haverá de permitir que o povo saiba escolher com razoável propriedade seus governantes, e exigir que estes cuidem da saúde e bem-estar social do país. O incentivo à Leitura é meio relativamente simples e bastante eficaz; Antonio Candido afirmava que “a literatura é, ou ao menos deveria ser, um direito básico do ser humano, pois a ficção/fabulação atua no caráter e na formação dos sujeitos”. 

 

Se me perguntam qual esteio deve amparar nossa manifestação em defesa de valores éticos, respondo que é a Ciência. O progresso lento, porém contínuo, que a Ciência apresenta ao longo da História a qualifica como porto seguro para a humanidade. A Ciência não sabe tudo, não pode tudo – ela é produto do homem e sua falibilidade –, mas aprendeu a reconhecer seus próprios erros e corrigi-los através da busca incansável da verdade. Apoiar o desenvolvimento da ciência e tecnologia é dever de todo governo inteligente e responsável.

 

            Se me perguntam que manifestação deverá ser evitada a todo custo, respondo que é aquela que defenda qualquer forma de Fundamentalismo. Este é o nascedouro de radicalismos extremos, políticos, religiosos ou de qualquer natureza, nutridos pela intolerância às diferenças. O ódio é seu alimento.

 

            Se me perguntam o que não deve ser permitido nesses dias sombrios, respondo que é a Omissão, verdadeira manifestação de cegos surdos que não desejam nem sabem pensar, os chamados negacionistas. 

 

 


Em tempo:

 

O tema do Lugar de Fala, da revista Cult, para o mês de setembro foi “Manifestação”. Perdi o prazo para o envio, de modo que meu texto não pôde ser publicado. 

Aparece agora no blog.

 

California, EUA

Eu amo mapas 


Mapa topográfico do Estado da Califórnia

quinta-feira, 21 de outubro de 2021

A flor e a náusea

 

Preso à minha classe e a algumas roupas,
vou de branco pela rua cinzenta.
Melancolias, mercadorias espreitam-me.
Devo seguir até o enjoo?
Posso, sem armas, revoltar-me?

 

Olhos sujos no relógio da torre:
Não, o tempo não chegou de completa justiça.
O tempo é ainda de fezes, maus poemas, alucinações e espera.
O tempo pobre, o poeta pobre
fundem-se no mesmo impasse.

 

Em vão me tento explicar, os muros são surdos.
Sob a pele das palavras há cifras e códigos.
O sol consola os doentes e não os renova.
As coisas. Que tristes são as coisas, consideradas sem ênfase.

 

Vomitar esse tédio sobre a cidade.
Quarenta anos e nenhum problema
resolvido, sequer colocado.
Nenhuma carta escrita nem recebida.
Todos os homens voltam para casa.
Estão menos livres mas levam jornais
e soletram o mundo, sabendo que o perdem.

 

Crimes da terra, como perdoá-los?
Tomei parte em muitos, outros escondi.
Alguns achei belos, foram publicados.
Crimes suaves, que ajudam a viver.
Ração diária de erro, distribuída em casa.
Os ferozes padeiros do mal.
Os ferozes leiteiros do mal.

 

Pôr fogo em tudo, inclusive em mim.
Ao menino de 1918 chamavam anarquista.
Porém meu ódio é o melhor de mim.
Com ele me salvo
e dou a poucos uma esperança mínima.

 

Uma flor nasceu na rua!
Passem de longe, bondes, ônibus, rio de aço do tráfego.
Uma flor ainda desbotada
ilude a polícia, rompe o asfalto.
Façam completo silêncio, paralisem os negócios,
garanto que uma flor nasceu.

 

Sua cor não se percebe.
Suas pétalas não se abrem.
Seu nome não está nos livros.
É feia. Mas é realmente uma flor.

 

Sento-me no chão da capital do país às cinco horas da tarde
e lentamente passo a mão nessa forma insegura.
Do lado das montanhas, nuvens maciças avolumam-se.
Pequenos pontos brancos movem-se no mar, galinhas em 
pânico.

É feia. Mas é uma flor. Furou o asfalto, o tédio, o nojo e o ódio.

 


Carlos Drummond de Andrade

A rosa do povo, 1945

In Poesia Completa, Nova Aguilar, 2002

 

 

quarta-feira, 20 de outubro de 2021

Desastre

Charge do dia


Duke

https://domtotal.com/charge/3460/2021/10//


Em tempo: os jumentos não merecem...

 

Do hábito de fotografar

 

Foto: Cecília Vianna (out 2021)

 

Uma mulher acorda com o nascer do sol, olha pela janela, vê a paisagem, observa a atmosfera. Toma da máquina fotográfica, sai ao jardim e registra a névoa da manhã.

            Fotografar é olhar, ver, observar. Ver o real, com olhos de poesia. Só então registrar aquilo que observou.

            Fotografar é registrar o presente. O hábito de fotografar – como o da mulher que acorda e congela o instante –, traz o sujeito para a vida presente, a única que pode ser verdadeiramente vivida. Impossível fotografar (ou viver) o passado, embora a fotografia possa representar sua memória; impossível fotografar (ou viver) o futuro. 

            Em fotografia, ver o real com olhos de poesia recebe o nome de enquadramento. Enquadrar resume a arte da fotografia. Enquadrar é limpar o terreno baldio, remover o entulho, encontrar a pérola despercebida. 

Com a imagem, ficará registrado o sentimento de quem a fotografou, como por exemplo, a saudade.

            Ao revelar sua obra o fotógrafo ouvirá, Ficou mais bonito que o original! O original é o que é, nem bonito nem feio, como a natureza. O original é atemporal. Daí que o artista busca quase sempre [enquadrar] a presença da figura humana, que dá à paisagem a condição do tempo presente. No futuro, ao rever a fotografia, a figura humana ainda haverá de ocupar a posição central para quem a observa.

            O fotógrafo observa, enquadra, respira profundamente, expira lentamente e só então dispara; para ele, esta é a definição do instante presente. É o que vale a pena ser vivido.

            

terça-feira, 19 de outubro de 2021

Dicionário Histórico do Português do Brasil



Dicionário Histórico do Português do Brasil


Maria Tereza Camargo Biderman (in memoriam)
Clotilde de Almeida Azevedo Murakawa

 

Disponível em: 

http://dicionarios.fclar.unesp.br

 

 

 




Interessantíssimo! Vale a pena conhecer.


Erva-de-rato com formigas





“A Asclepias curassavica é conhecida popularmente como: oficial-de-sala, algodãozinho-do-campo ou paina-de-sapo, pertencente a família Asclepiada- ceae. E ́ caracterizada por ter plantas lactescentes com flores hermafroditas actinomorfas geralmente de porte herbáceo, sendo uma espécie ruderal comum produzindo flores e frutos o ano inteiro. Cada flor de Asclepias possui 2 ovários e 5 pares de polinia, os membros de cada par estão conectados, sendo removidos por seus polinizadores. Dentre os insetos polinizadores os pertencentes a ordem Hymenoptera são considerados os mais eficientes. 

No sistema estudado, as formigas agem como parasitas das plantas de A. curassavica, porque roubam o néctar da planta, diminuindo assim a demanda para seus potenciais polinizadores. Elas prejudicam a capacidade da planta em produzir frutos e sementes havendo uma diminuição da aptidão das plantas pela redução das chances de polinização, uma vez que a oferta de néctar diminui ou a presença de formigas inibe polinizadores.”

 

In: Formigas em flores de asclepias curassavica (asclepiadaceae) no Vale do Rio Quilombo: amigas ou inimigas? 

Mariana Azevedo Rabelo (Universidade Federal de São Carlos campus Sorocaba, Sorocaba, SP, Brasil) e Ronaldo Bastos Francini (Universidade Católica de Santos - Campus D. Idílio José Soares, Santos, SP, Brasil). 


http://seb-ecologia.org.br/revistas/indexar/anais/xceb/resumos/836.pdf



Foto: AVianna, mar 2019, jardim

segunda-feira, 18 de outubro de 2021

Miguel Covarrubias

 


The Tree of Modern Art, 1933, por Miguel Covarrubias

 

José Miguel Covarrubias (Cidade do México, 1904-1957) foi um pintor e caricaturista, etnólogo e historiador de arte mexicano. Insatisfeito com o seu início de carreira no México, mudou-se para Nova Iorque em 1924, desenhou para várias revistas de relevo, casou com a dançarina Rosa Roland e ali permaneceu até 1932 quando viajou para o Sudeste Asiático (Java, Bali, Vietname), África e Europa como bolsista da John Simon Guggenheim Memorial Foundation, e regressou à Cidade do México onde ensinou etnologia na Escuela Nacional de Antropologia e Historia.

Covarrubias é conhecido pela sua análise da arte pré-colombiana da Mesoamérica, particularmente a da cultura olmeca e a sua teoria da difusão cultural mexicana para o norte, particularmente para a cultura mississipiana. 


 


https://pt.wikipedia.org/wiki/Miguel_Covarrubias

Cães salvam gado

Fotografia 



Cães de uma fazenda conduzem o gado durante uma enchente! Belíssima foto!

No Twitter: Nature And Science Zone @ZoneNature03


Autoria e local desconhecidos.

Cróton



Codiaeum variegatum  é uma espécie de planta perene do género Codiaeum da família Euphorbiaceae. A espécie tem distribuição natural na Indonésia, Malásia, Austrália e ilhas do Pacífico ocidental, ocorrendo em florestas abertas e matagais. 

           A espécie é amplamente utilizada como planta ornamental, incluindo como planta de interior nas regiões temperadas e frias, sendo comercializada sob o nome comum de croton. Estão disponíveis variados cultivares, com coloração foliar diversificada, maioritariamente com variegação de base avermelhada. 

           Nome popular: cróton.

           

           Como é comum entre as plantas pertencentes à família Euphorbiaceae, a seiva pode causar eczema quando em contato com a peleA casca, raízes, látex e folhas são tóxicos para os humanos quando ingeridos. A toxina presente é o composto químico 5-deoxi-ingenol. A planta contém um óleo que é violentamente purgativo e que se suspeita seja carcinogênico. O consumo de sementes pode ser fatal para crianças. 

Estadão muda de formato



 

É o próprio jornal que esclarece: “O germânico, ou berliner, tem esse nome por ter sido adotado no começo do século 20, em contraste com o tradicional formato standard. Tem 31,5 cm por 47 cm e é mais fácil de manusear na comparação com o standard. O berliner conserva o desenho do standard, mas é mais elegante. E não tem o impacto negativo que poderia ter o tabloide, mais associado ao sensacionalismo.”

            O Estado de S.Paulo me acompanha desde que me entendo por gente. Meu pai era assinante, com uma nota inesquecível: ai daquele que ousasse tocar no jornal antes dele! A bronca era feia.

            Em homenagem ao meu pai assino o jornal até hoje, mas prefiro a Folha de S. Paulo.

            Em Caderno Especial, os editores mostram a história das mudanças de formato. Não resisti, fiz uma blague:

          – Na próxima mudança terá o formato de Gibi, e na seguinte, vai desaparecer...