quarta-feira, 31 de março de 2021

poema moderninho escrito depois do banho dos passarinhos

 

quando a cabeça arruína

fica difícil escrever

vou olhar passarinhos

se banharem 

na fonte do meu jardim

primeiro banha o amarelo

depois os azuis

eles têm suas regras

que seguem à risca

esse o jeito que inventei

de desarruinar a cabeça

quando não consigo escrever








Fotos: AVianna, mar 2021

domingo, 28 de março de 2021

Fotominimalismo




 

Tenho publicado nesse blog com assiduidade o que chamo de fotominimalismo, um tipo ou estilo particular de fotografia. Penso – ou pensava – que se trata de algo não muito popular, até mesmo desconhecido de muita gente, pouco classificável como “arte de verdade”.

            Recebo agora da Paula Vianna o anúncio do concurso anual sobre o tema, com direito a prêmio no valor de 2.000 dólares e publicação de livro anual com as melhores fotografias.

            

https://minimalistphotographyawards.com/?utm_source=Minimalist+Photography+Awards&utm_campaign=f6fce7ccfb-EMAIL_CAMPAIGN_2021_03_23_06_28_COPY_01&utm_medium=email&utm_term=0_d1df96f8f5-f6fce7ccfb-218400877

 

            No site acima é possível encontrar as premiadas de 2019 e 2020, visita interessantíssima, para se ter uma ideia da importância do Fotominimalismo hoje.

            Abaixo, em belo exemplo:

 

 

First Place Winner

Alone by Tim Nevell

 

“This image was shot with my Mavic2 Pro drone on a winter trip to Iceland, we were travelling to Myvatn in the North of the island and this was a scene about 50 miles from the village, I loved the desolate volcanic landscape covered in snow and the distant endless horizon perspective.”

 

Telhados e janelas

 Fotominimalismo




Foto: AVianna

Cavalo marinho

A foto do dia 



“Cavalo marinho macho. Você sabia que são os machos que ficam grávidos e dão à luz aos filhotes? Sabe diferenciar os machos das fêmeas? Vem que a Búzios Divers te mostra!” 

                                                              

                                                                          Paula Vianna 

sexta-feira, 26 de março de 2021

Rio Negro

Fotominimalismo 




Foto:AVianna, out 2015

Fotoabstração N. 74

 



Maré

Fotominimalismo



 

A força da arte virtual


 

O anúncio do novo projeto arquitetônico do Museu de Arte do Espírito Santo (Maes) mexeu com as redes sociais.  O museu, recém reformado, aparece coberto por um gigantesco ovo branco. Reportagem de Clara Balbi para a Folha de S. Paulo (26 mar 2021).

Houve comentários indignados nas redes sociais, criticando a poluição visual causada em Vitória pela da intervenção. “Até um abaixo-assinado foi criado, sério apesar do nome – "não queremos um ovo em cima do Museu de Arte do Espírito Santo", afirma Balbi.

Ocorre que, “nem o projeto, nem o seu patrocinador, a Da Silva Brokers, existem, porém — são uma obra de "Tirante", primeira exposição virtual do Maes. Mesmo o CEO do suposto conglomerado, Antonio da Silva, foi na verdade inventado pelo artista alemão Anton Steenbock.”

Steenbock comenta as reações do público ao projeto:  "Elas são interessantes porque mostram os dois lados. Há quem considere o projeto moderno, novo. Outros acham horrível, um ataque ao patrimônio. E essa discussão é o principal, porque o projeto acontece na cabeça das pessoas. Chamo esses projetos de uma vacina, porque, ao darem uma pequena dose de algo que só é real na imaginação das pessoas, elas então criam anticorpos e ficam mais atentas àquilo que pode limitar a liberdade delas."

Este é um belo exemplo do que poderia ser denominado “arte virtual”: uma construção que nunca existiu, que foi criada para nunca existir, e mesmo assim, passou a existir na cabeça de muita gente. Arte é bem isso, uma provocação. Se é bela ou não, isso é outra questão. 

Eu gostei do ovo gigante: há de aumentar o número sempre pobre de visitantes ao museu.

 

https://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2021/03/quem-e-o-artista-que-pos-ovo-gigante-em-cima-de-museu-e-viralizou-nas-redes-sociais.shtml?utm_source=twitter&utm_medium=social&utm_campaign=twfolha

 

Mais um van Gogh

Cena de Rua em Montmartre, de Vincent Van Gogh

Christian Hartmann/Reuters

 

 

“Uma pintura de Vincent Van Gogh, nunca antes exibida em público, foi leiloada nesta quinta (25) na Sotheby's em Paris, batendo todos os recordes esperados pela organização do evento. Inicialmente estimado em um valor entre € 5 milhões e € 8 milhões, o quadro "Cena de Rua em Montmartre", oriundo de uma coleção particular, foi vendido por € 14 milhões, cerca de R$ 93 milhões.

Cena de Rua em Montmartre" foi pintada pelo mestre holandês em 1887, quando ele vivia em Paris com o irmão Théo. O óleo sobre tela acaba de ser recuperado de uma coleção particular, nunca aberta ao público. 

O curioso, segundo Mercier, é que "esse Van Gogh não se parece com um Van Gogh". "Um moinho, árvores, o campo… Parece sua Holanda natal, mas é a colina de Montmartre do lado do jardim, quando Vincent mora em Paris", explicou.”

 

 

https://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2021/03/quadro-de-van-gogh-nunca-exibido-em-publico-alcanca-r-93-milhoes-em-leilao.shtml

 

Quantos mais?

Charge do dia


 Claudio Mor

Ensopado de frango do André

 

INGREDIENTES (para duas pessoas)

 

#  4 sobrecoxas de frango

#  1 cebola

#  1 dente de alho

#  1 pimenta dedo-de-moça

#  ½ lata de tomate pelado

#  200 g de champignon fresco (ou em conserva)

#  250 g de mandioca 

#  200 ml de leite de coco

#  ½ copo de vinho branco

#  2 colheres (sopa) de azeite (ou óleo de cozinhar) 

#  ¼ xícara de salsinha picada

 

MODO DE PREPARO (1h e meia de duração)

 

1 – Coloque a mandioca para cozinhar em água fervente; reserve.

2 – Leve ao fogo alto panela de tamanho médio, acrescente o azeite e sele as sobrecoxas sem pele.

3 – Abaixe o fogo, junte a cebola, o alho e a dedo-de-moça bem picados e refogue até dourar.

4 – Acrescente os champignons cortados ao meio.

5 – Coloque o vinho branco e deixe o álcool evaporar.

6 – Junte o tomate pelado, acrescente água até cobrir o frango, e mantenha em fogo baixo. 

7 – Após 30 min acrescente a mandioca cortada em cubos pequenos; mexa bem.

8 – Com o frango cozido e o caldo engrossado, 10 min antes de servir, junte o leite de coco e misture bem.

9 – Para finalizar, coloque a salsinha picada.

10 – Sal a gosto.

 

            O prato é simples de fazer. A mandioca empresta ao ensopado sabor especial, além de torná-lo mais espesso e de ótimo aspecto. O champignon aprimora a textura e o leite de coco traz frescor ao ensopado. Sirva com arroz branco e salada de folhas.

            Um tinto de boa estirpe completa uma boa refeição.

            Em breve, a foto do ensopado! 

quarta-feira, 24 de março de 2021

Sorvete ao cair da tarde

Galeria de Família 


Forest Hill, Londres, 1987

Harmonia em vermelho

Meus quadros favoritos 


Henri Matisse (1908)


O motivo central da pintura é simples: o interior de uma sala onde uma mulher põe a mesa. A execução, no entanto, é complexa o bastante para atordoar o expectador.

            Antes de identificar o ambiente e os elementos que compõem o quadro, grita aos olhos a cor vermelha. O vermelho do papel de parede tem continuidade com a toalha da mesa, separados por uma fina linha horizontal que delimita os dois planos, embora à primeira vista se trate de um único plano. O efeito é espetacular! 

            Os ornamentos em azul presentes na tolha são os mesmos encontrados na parede, o que acentua o efeito que acabo de descrever. Frutas e outros objetos sobre a mesa ganham destaque com o amarelo. Em toda a pintura predominam as cores primárias: vermelho, azul e amarelo. 

            Palpite de amador: os ornamentos da parede e toalha parecem refletir a influência da arte japonesa, bem ao gosto de Matisse e van Gogh; a cadeira à esquerda, abaixo da janela, é semelhante a uma outra muito famosa, presente no “Quarto em Arles”, do holandês; homenagem ao mestre? 

            A mulher veste preto & branco, forma bastante criativa para diferenciá-la dos objetos inanimados.

            Não satisfeito com o espetáculo – o artista podia parar por aqui, e já teríamos uma grande obra – Matisse acrescenta uma janela onde predomina o verde. Sobre o verde, pontos amarelos como os que estão sobre a mesa. Ao fundo, uma casa. Mania de ex-psicanalista: Matisse dizendo: – Aqui estou eu!

            A Harmonia em Vermelho também conhecida como Toalha de Mesa, Mesa Posta, Quarto Vermelho e A Mesa de Jantar, em estilo fovista, é considerada por muitos críticos a obra prima de Matisse.  Encontra-se exporta no Hermitage, em São Petersburgo.

Chama o VAR

Charge do dia 


Kleber (Correio Brasiliense)

Sem título

Política sem palavras


Foto: Adriano Machado / Reuters


segunda-feira, 22 de março de 2021

Ah! os passarinhos

Ao meu amigo Moisés


Ardoroso fã de Darwin, estudioso da Evolução das Espécies, concluiu:

– No cume dessa evolução estão os passarinhos.

Sobre árvores e tucanos

 

Foto: Mercêdes Fabiana

 

Uma árvore morta tem sua serventia: não a derrube. Deixe que a natureza o faça, ressecando os galhos ao sol, apodrecendo-os com a chuva, para que se desfaçam lentamente. 

 

Uma árvore desfolhada tem sua serventia: sem as folhas para atrapalhar, os galhos nus são campos de pouso perfeitos para os desajeitados tucanos.

 

Tucanos são monogâmicos e os cuidados dispensados às crias são biparentais. Por isso afirmo que a fotografia acima mostra um casal – não há dimorfismo sexual –, pousado em altos galhos, a planejar o destino do próximo voo ou esperar pela chegada do bando, já que a espécie tem comportamento altamente social. 

 

Desde criança me pergunto para que o tucano precisa de um bico tão grande. Ainda hoje sinto o medo infantil que durante o voo ele embique em direção ao solo e se esborrache com o bico enterrado no chão. 

 

Quando vejo o casal na árvore desfolhada, muitas vezes debaixo de sol escaldante, agora sei que o tal bico desproporcionalmente grande, porém bem leve, de um colorido exuberante, tem função termorreguladora, pois funciona como dissipador de calor.

 

A fotografia acima me parece bela por três razões. Primeiro porque revela a utilidade de uma árvore morta que ainda preserva seus galhos ressequidos; segundo, serve de pouso aos desajeitados tucanos; em terceiro lugar, porque é bela por si mesma: o fundo branco – tirada na contraluz –, o contraste com os galhos negros, o forte colorido dos bicos, dois tucanos conversando a conversa de tucanos.

 

A fotografia abaixo para mim é ainda mais bela porque foi tirada por minha mulher.


sábado, 20 de março de 2021

Repouso

 




festa no jardim

uma açucena-do-brejo

repousa no chão



Foto: AVianna, mar 2021

Açucena-do-brejo

 

Comecemos pelo nome da planta: é lindo: açucena-do-brejo!

            

Nome Científico: Crinum erubescens

Nomes Populares: Açucena-da-água, Açucena-do-brejo, Cebola-cecém, Crino-cor-de-rosa

Família: Amaryllidaceae

Categoria: Bulbosas, Flores Perenes, Plantas Palustres

Clima: Equatorial, Subtropical, Tropical

Origem: América Central, América do Sul

Altura: 1.2 a 1.8 metros

Luminosidade: Meia Sombra, Sol Pleno

Ciclo de Vida: Perene

 

As folhas da açucena-do-brejo são feias, rústicas, sem graça: um jardineiro desavisado passa a enxada. Já as flores, de aspecto exótico, são perfumadas, de cor branca e vinho, grandes e ao mesmo tempo delicadas. A planta aprecia umidade; a daqui de casa cresceu no chão seco mesmo, mas recebe água diariamente.

Até aqui nenhuma novidade. O interessante (e aparentemente inexplicável) é que, quando o caule cresce e os botões das flores começam a abrir, este caule despenca no chão, onde se apoia, para o desabrochar de inúmeras flores. Parece que o caule não suporta o peso das flores (li isso na Internet), mas não é o caso: ele cai quando o botão ainda é pequeno, leve portanto, o que pode ser observado nas fotos abaixo. Além do que o próprio caule é bastante robusto!

Como assim? As flores em geral se abrem na parte mais alta das plantas, o que facilita a polinização, além de permanecerem protegidas. A flor da açucena-do-brejo não: se deita e permanece no chão, vida fácil para os predadores. Que solução foi essa encontrada pela Natureza? Ou não solução. Com frequência cresce nos brejos, fato responsável por uma certa adaptação, talvez. Mais parece uma planta improvável.

A pesquisa na Internet para explicar o fenômeno foi infrutífera. Aceito teorias a respeito.

Segue-se a documentação dos fatos aqui descritos, em ordem de desenvolvimento.
















Fotos: Mercêdes Fabiana e AVianna, mar 202.
iPhone 11 Pro Max (fotos não editadas, tiradas em dias diferentes)

 

quarta-feira, 17 de março de 2021

Revoada

 

Tarde quente de domingo, fim de verão. Acabamos de almoçar, sempre na varanda que se abre para o jardim, quando o fenômeno acontece. A revoada!

            Súbito, surge no ar quantidade inusitada de assanhados passarinhos, em bandos, cantando e voando e cantando e voando. Eles cruzam o ar com velocidade incrível, pousam nas árvores próximas, revoam e tornam a revoar.

            Desligo a fonte para ver o que acontece. Então, de forma aparentemente organizada, um a um eles pousam na fonte, bebem e se banham.

            São de espécies variadas, multicoloridas, uns pequeninos, outros maiores, pousam sozinhos, aos pares, em trios. Alguns ameaçam pousar e arremetem: a disputa pela água é acirrada.

Coisa nunca vista: pousa na fonte o arisco e solitário bem-te-vi, que observa, dono do pedaço, soberano; eis que pousa um segundo bem-te-vi, e parece que conversam sobre alguma coisa – conversa de passarinhos!

            Passado algum tempo – impossível ser precisado –, do mesmo modo que chegaram, se foram, aparentemente satisfeitos.

            Em nós permaneceu o sentimento de Felicidade.














Fotos: AVianna

Nikon D7200 DX VR 300mm

domingo, 14 de março de 2021

Os Ashkenazy



Vladimir e Dimitri

 

Não canso de repetir: a influência de minha mãe foi decisiva no desenvolvimento de meu gosto musical, sem que eu tenha adquirido qualquer educação formal em música ao longo da vida: sou gratíssimo a ela.

            Pródiga em informações sobre música erudita, quase todas colecionadas como ouvinte da Radio MEC, eu a ouvia falar constantemente de Vladimir Ashkenazy (1937-), virtuose do piano e regente, intérprete de Mozart, Beethoven e outros clássicos.

            Ontem recebi mensagem de minha filha mais velha, a me recomendar o Concerto para clarineta de Mozart, interpretado por um certo Dimitri Ashkenazy, de quem nunca tinha ouvido falar. Belíssimo!

Investiguei: descobri que o homem é filho do Vladimir, hoje com 84 anos: ambos, pai e filho, gravaram o Concerto para clarineta e o Quinteto para piano, clarineta e cordas, obras magistrais de Mozart: especial indicação de minha filha!

Sou mesmo um homem de sorte.