sexta-feira, 31 de maio de 2019

Genograma da Gabriela


Gabriela, minha neta de 8 anos e meio, recebeu como dever de casa a construção de um genograma (acho que não usaram este termo na escola), contendo três gerações. E ficou muito bonitinho!



            Eu nunca tinha ouvido falar na palavra Genograma, de modo que fui ao Google e encontrei um texto muito bom, que reproduzo aqui resumidamente. (Naturalmente só eu não sabia o que é um genograma.)


GENOGRAMA (Idealizado por Murray Bowen em 1954) é um Instrumento de coleta de dados familiares.
O genograma é a representação gráfica da família. Nele são representados os diferentes membros da família, o padrão de relacionamento entre eles e as suas principais morbidades. 
Podem ser acrescentados dados como ocupação, hábitos, grau de escolaridade e dados relevantes da família, entre outros, de acordo com o objetivo do profissional.
        A demonstração gráfica da situação permite que o indivíduo pare e reflita sobre a dinâmica familiar, os problemas mais comuns que a afligem e o enfrentamento do problema pelos membros da família.  
O genograma possui dois elementos fundamentais: 

 1  . Os elementos estruturais trazem as informações relativas a composição familiar, data de nascimento, grau de escolaridade, ocupação, hábitos, patologias, mortes e separações. 
2  . Os elementos funcionais mostram a dinâmica funcional da família, como a família se relaciona, como reagem frente a dificuldades e stress por exemplo. 

Situações indicadas para utilização do genograma: 

Sintomas inespecíficos  
Utilização excessive dos serviços de saúde 
Doença crônica 
Isolamento 
Problemas emocionais graves 
Situações de risco familiar
Mudanças de ciclo de vida 
Resistência ao tratamento ou dificuldades de aceitar o diagnóstico 
Alterações nos papeis familiares por eventos agudos 

Qual a contribuição do genograma? 

1  . Permite que a equipe de saúde conheça o indivíduo em seu contexto familiar e a influência da família em sua vida. 
2  . Conhecer as doenças mais frequentes na família e o padrão de repetição das mesmas, possibilitando ações efetivas de promoção de saúde nos seus descendentes. 
3  . Conhecer e explorar junto a familiares as suas crenças e padrões de comportamento. 
4  . Tem valor diagnóstico e terapêutico. 

Observação: o texto acima foi encontrado no endereço abaixo, e está apócrifo. Mesmo assim, pareceu-me bom.

Segunda observação: o avô de Gabriela por parte materna deve ser doente mental, e isso é importante na avaliação do genograma!



quarta-feira, 29 de maio de 2019

Míledi e Jussara


Para nossa honra e alegria, fazem parte da Família Míledi Brasil Marotta e sua esposa Jussara Capucho Uchoas Marotta, e agora se fazem presentes nesta Galeria.
          Não conheço muito Jussara, embora já tenha estado em sua casa em São Paulo, onde fui regiamente recebido. Pela escolha que fez para marido, só pode ser uma boa pessoa.
          Míledi, estou seguro, é uma pessoa extraordinária! Sofre de cardiomegalia, ou seja, tem coração grande demais. Vivi com ele experiência muito difícil, e sei do que estou falando. Além do que sua alegria é contagiante. 
          O casal gosta de viajar e tirar fotografia.
          Paulo, meu irmão, pode confirmar todas essas minhas impressões.


segunda-feira, 27 de maio de 2019

Síndrome de burnout





“GENEBRA - O esgotamento profissional, conhecido como síndrome de burnout, foi incluído na Classificação Internacional de Doenças da Organização Mundial da Saúde (OMS).”  É o que informa hoje a  Agência AFP para O Estado de S. Paulo (27 mai 2019).
A lista, elaborada pela OMS, é baseada nas conclusões de especialistas de todo o mundo e a classificação é utilizada para estabelecer tendências e estatísticas de saúde.  
"É a primeira vez que o esgotamento profissional entra na classificação", anunciou o porta-voz da OMS, Tarik Jasarevic.  
burnout, incluído no capítulo de problemas relacionados ao emprego e desemprego, recebeu o código QD85.  
O problema foi descrito como "uma síndrome resultante de um estresse crônico no trabalho que não foi administrado com êxito" e que se caracteriza por três elementos: "sensação de esgotamento, cinismo ou sentimentos negativos relacionados a seu trabalho e eficácia profissional reduzida".  
A nova classificação, chamada CIP-11, publicada ano passado, foi aprovada durante a 72ª Assembleia Mundial da OMS e entrará em vigor no dia 1 de janeiro de 2022. 
            A síndrome de burnout acomete com frequência médicos e enfermeiros, em particular os profissionais submetidos a trabalho em regime de plantão e que têm mais de um emprego. Passam a noite trabalhando e na manhã seguinte permanecem em atividade, em outro emprego, driblando assim a legislação trabalhista.
           Importante observar que, além dos danos provocados no próprio profissional, a chamada relação médico-paciente nesses casos fica completamente deteriorada.
            Eu mesmo pratiquei este tipo de trabalho nos anos em que fazia a Residência Médica. O esgotamento que aquilo provocou – o burnout– levou-me a mudar completamente minha opção profissional, mudar de cidade, enfim, mudar de vida, embora tenha permanecido na Medicina. Isso é possível.



Suzete vai a outro mundo e volta


Meu querido André


li ontem em seu blog, na postagem sobre Antônio Meneses e Luiz Amorim, dois artistas, uma frase que continua martelando martelando martelando na minha cabeça como um fantasma assustador provocando o surgimento de tantas outras ideias aos borbotões, tantas que preciso escrever a você para tentar colocar em ordem todos esses pensamentos que estão a assombrar a vida de uma pobre cabeleireira.
            (Antes de mais nada devo confessar que precisei ir ao Dicionário Informal, que gosto muito, para saber o significado da palavra luthier. Aprendi. Aprendi também repetir as palavras sem vírgula, a mesma palavra, para reforçar o que desejo exprimir. Acho lindo.)
            Vamos à tal frase: “Estamos a falar de outro mundo.”
            André, vivo enfurnada nesta cidade pequena, em meio a este povo pacóvio, sufocada num salão de beleza, cortando cabelo de homem, ouvindo abobrinha o dia inteiro, porque em salão masculino ou feminino só se fala abobrinha mesmo, este é meu mundo, e quando leio que há quem viva em outro mundo, isso me deixa tonta, perturbada, desacorçoada, esmorecida de tudo. Perco a esperança. Percebo que nunca hei de sair desta arapuca em que me meti.
            Fiquei pensando em que conversavam Antônio Meneses e Luiz Amorim, na delicadeza das ideias deles, falavam de instrumentos musicais, da afinação de um violoncelo, da construção de um novo violoncelo para Antônio, embora ele já tenha um ótimo instrumento! Falavam desde a origem da madeira até o acabamento final! Coisa mais linda, sem contar que depois da afinação Antônio podia tocar Bach, Villa-Lobos, uma bachiana, já pensou? 
            Não falavam da reforma da previdência, da ameaça de novo desmoronamento de barragem em Minas, dos tais laranjas, das declarações estapafúrdias do presidente & filhos, dos políticos presos & soltos, dos ministros da Educação – vontade de chorar –,
 e o pior de tudo, do desemprego assustador em nosso país. Como é possível viver desempregado, André?  
Pois não é que dei uma volta completa em torno de meus miolos, verdadeira cambalhota, e cheguei ao ponto de partida, ao meu salão de beleza, onde corto cabelo de homem e ganho meu pão honestamente. Como poderia viver sem isso, sem poder comprar um livro, sem ir ao cinema de vez em quando? Como, André?
É bom saber que existe um outro mundo, onde as conversas são delicadas, os assuntos amenos (agora escrevi bonito!), as pessoas educadas, pois como você gosta de dizer, “tudo é uma questão de educação”, não é mesmo? Sabe onde encontro isso, André, nos livros que leio; enquanto leio, voo para outro mundo. (As pessoas que não leem só podem mesmo falar borracha, que é a mesma coisa que abobrinha.)
Estes são os borbotões que me vieram à mente a partir da sua frase, André. Me fez pensar, a sua frase. Escrever sobre meus pensamentos me ajudou a dar a volta completa. Obrigada.
Beijo.
Da sempre sua,

                                    Suzete.
            

domingo, 26 de maio de 2019

Um dia de vida

Em setembro de 2010 ganhamos um presente da Paula chamado Gabriela, que também atende por Gabi, inevitavelmente. 
            Ela já apareceu neste blog voando em um túnel de vento, mergulhando com cilindro em Búzios, ou apenas fazendo pose, linda que é.
            Agora aparece com um dia de vida!



***

            Oito anos e meio depois, eis o milagre da vida!





sábado, 25 de maio de 2019

Eu tive um sonho

Charge do dia


Duke

Marinha

Meus quadros favoritos


Maxime Maufra (1861-1918)

Paisagista francês, impressionista e pós-impressionista.

Dois grandes artistas




Antonio Meneses, o mundialmente famoso violoncelista brasileiro encontra-se com  Luiz Amorim, conceituadíssimo luthier, construtor de violinos, violas e cellos.
            Embora seja proprietário de excelente cello, Meneses encomendou um novo instrumento a Amorim, que será construído em sua fábrica em Cremona, Itália.
             Amorim iniciou suas atividades em 2001, em Curitiba, Paraná.
            São dois brasileiros que nos enchem de orgulho. Dois grandes artistas.
            Estamos a falar de outro mundo! E que bom que ele existe, embora para poucos.



Gêmeas

fotominimalismo



Foto: AVianna, mai 2019, jardim.

sexta-feira, 24 de maio de 2019

Juliana Estradioto ganha prêmio


Juliana Estradioto durante a premiação nos Estados Unidos 
Foto: Society for Science & The Public


A estudante brasileira Juliana Estradioto, de 18 anos, conquistou o 1º lugar em uma das maiores feiras de ciências para pré-universitários do mundo. É o que informa 
Júlia Marques para O Estado de S.Paulo (24 mai 2019). 
“Natural de Osório, no Rio Grande do Sul, ela fez uma pesquisa sobre o aproveitamento da casca de noz macadâmia para curativos de ferimentos da pele ou para embalagens. Juliana conquistou a premiação máxima na categoria de Ciência dos Materiais, da Intel International Science and Engineering Fair (Isef). 
O resultado foi anunciado na última sexta-feira, 17, durante o evento em Phoenix, nos Estados Unidos. Por causa do resultado, Juliana também poderá batizar um asteroide com seu nome - essa chance é dada aos estudantes que conquistam os primeiros e segundos lugares em cada categoria da premiação.”  
“A jovem acabou de se formar no curso técnico em Administração integrado ao ensino médio, do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul (IFRS). Durante a formação, ela investigou como a macadâmia poderia substituir materiais sintéticos, evitando a produção de lixo.”
Juliana explicou que produziu uma farinha a partir da casca de noz da macadâmia. Segundo ela, a membrana da macadâmia é flexível e resistente, o que permite a utilização em curativos para pele queimada ou machucados. 
Outro uso possível, segundo a jovem, é para a elaboração de embalagens para o recolhimento de fezes de cachorro, em substituição ao plástico. 
Juliana agora está credenciada para participar da cerimônia da entrega do Prêmio Nobel, na capital da Suécia. 

            E eu nunca tinha ouvido falar em macadâmia...
A macadâmia é um fruto doce extraído de uma árvore originária da Austrália, pertencente a uma das espécies do género Macadamia. São exploradas comercialmente: a Macadamia integrifolia, originária de Queensland, onde cresce em florestas muito húmidas, e a Macadamia tetraphylla, originária da Nova Gales do Sul. 
O nome da planta foi dado pelo botânico Ferdinand von Mueller, o seu descobridor, em honra a um colega seu, o naturalista e político australiano de origem escocesa John Macadam. 
Eis a dita cuja:


           Pesquisa é Educação. Se é Educação, interessa a este blog. Tudo é uma questão de educação.






quinta-feira, 23 de maio de 2019

Dia Mundial da Tartaruga

A foto do dia



Fui informado pela minha filha Paula que hoje é o Dia Mundial da Tartaruga, e em comemoração ela me enviou belíssima fotografia subaquática! (Confesso que não imaginava que as tartarugas tinham seu dia.)
O Dia Mundial da Tartaruga é um evento promovido anualmente no dia 23 de maio desde 2000 pela American Tortoise Rescue. Tem o objetivo de trazer à atenção e aumentar o conhecimento e o respeito por tartarugas e cágados e difundir o conceito de ajudá-los a sobreviver e se desenvolver. 
Fica aqui a homenagem do Louco.



Vista de Abberville

Meus quadros favoritos


Frits Thaulow

Pintor norueguês impressionista (1847-1906).

Destino cruel de Emma





Cadela saudável foi submetida à eutanásia para atender ao último pedido da tutora, que queria ser enterrada ao lado de seu animal de estimação. 
Aconteceu nos Estados Unidos, informa Lívia Marra para a Folha de S.Paulo (22 mai 2019). “A shih tzu Emma foi levada a um abrigo na Virgínia no começo de março, após a morte da tutora. Durante as duas semanas que ficou ali, os protetores tentaram reverter a decisão e colocar a cadela para adoção.”
Emma acabou submetida a eutanásia, seu corpo cremado, e as cinzas colocadas em uma urna e devolvidas ao representante da mulher.
Nos Estados Unidos, a lei considera animais de estimação como propriedade pessoal. A eutanásia sem necessidade não é aprovada por muitos veterinários, que consideram a decisão cruel e recusam o procedimento.
            No Antigo Egito, quando morria o faraó ou pessoa da alta hierarquia, os escravos, cavalos, animais de estimação eram enterrados junto com o ilustre morto. Parece que a prática perdura, milênios após. 
Que barbarismo! Como é lento o processo civilizatório. 
A homenagem deste blogueiro a Emma.


(Foto: Adobe Stock)

terça-feira, 21 de maio de 2019

Prêmio Camões 2019





Chico Buarque, cantor, compositor e escritor, ganha o Prêmio Camões 2019. 
O anúncio foi realizado nesta terça-feira, 21, no Rio de Janeiro. Chico é o 13º brasileiro a levar a honraria. 
Publicou as peças Roda Viva (1968), Calabar (1973), Gota d'água (1975) e Ópera do malandro (1979); e a novela Fazenda modelo (1974). 
Destacou-se com a publicação dos romances Estorvo (1991), Benjamim (1995), Budapeste (2003), Leite derramado (2009) e O irmão alemão (2014).
Estorvo e Budapeste são os meus favoritos.

Árvore de margaridas




renova-se a cada ano
o mesmo espetáculo
floresce uma árvore 
enfeitada de margaridas


Foto: AVianna, mai 2019, jardim

Castigo


Ao final da hidroterapia, o pior castigo era calçar as havaianas. Cada joanete, uma montanha.

Pombos

Fotominimalismo




Foto: AVianna

Quatro meninas Foto N.18

Galeria de Família



Em algum parque de Londres, nos idos de 80, brincam quatro meninas. 
De cima para baixo, Heloisa Pripas, feliz da vida; em seguida, Paula Pripas, e não estou certo se está gostando da brincadeira; em terceiro lugar vem Paula Vianna, com cara de sapeca, gostando muito; por último, já mocinha, Cecília Vianna, visivelmente constrangida. 
Heloisa e Paula são filhas de Sergio e Sada, que ainda não apareceram na Galeria. Nossa amizade surgiu nos tempos de Inglaterra e dura até hoje.

Casa em Taubaté Foto n. 17

Galeria de Família

Depois de casados, nossos pais residiram em São Paulo, capital, por aproximadamente um ano, cidade onde nasci; em seguida mudaram-se para Taubaté, onde nasceu meu irmão Paulo Sergio.
            Era bem pobre a casa onde morávamos no Vale do Paraíba. 
            Tínhamos um gato amarelo chamado Sansão, muito lindo. Nossa mãe cismou que ele agravava minha “bronquite asmática” e o expulsou de casa, para minha enorme tristeza e ressentimento.


Flores

Meus quadros favoritos


Marc Chagall

domingo, 19 de maio de 2019

Almoço de família


Toca o celular na manhã de domingo.
– Linda, cê tá boa? Vou almoçar com você hoje. Tudo bem?
– Tudo bem.
Linda saiu para comprar o patinho e o bacon; cebola, alho, pimenta malagueta, cebolinha, já tinha em casa, colhidos na pequena horta doméstica. A carne moída seria servida com arroz e feijão, tudo muito bem temperado com linguiça frita em banha de porco. A cerveja, bem gelada.
            Raquel chegou acompanhada do marido, avisando logo que morria de fome.
Linda serviu o almoço na hora combinada.
Logo na primeira garfada Raquel esbravejou:
– A carne está estragada – e despejou no lixo a comida do prato. Linda, frita dois ovos pra mim.
Linda fritou os ovos; ela e o marido de Raquel almoçaram a carne, arroz e feijão, tudo muito bem temperado, a cerveja bem gelada.
Ao final do almoço, o marido sentenciou definitivo:
– Raquel, quero o divórcio. 

Syn61, o organismo vivo criado em laboratório



O organismo artificial é uma versão simplificada da bactéria 
Escherichia coli (IStock/Getty Images)


O título da matéria publicada por André Lopes para a revista Veja (19 mai 2019) é espetacular: Cientistas criam vida artificial em laboratório – Primeiro ser vivo sintético é uma bactéria unicelular que será usada para a fabricação de remédios.
          A pesquisa foi publicada na revista Nature, por cientistas da Universidade de Cambridge, no Reino Unido: a criação de um organismo vivo com genoma totalmente artificial, desenvolvido a partir de compostos químicos. 
“Os pesquisadores redesenharam o código genético da bactéria Escherichia coli, muito presente no intestino humano, para fabricar células em versão sintética do genoma alterado. Além do ineditismo de se ter desenhado um organismo em laboratório, há resultados práticos. Os pesquisadores acreditam que a Escherichia coli poderá ser usada como importante aliada no combate a câncer, esclerose múltipla, ataques cardíacos e doenças oculares, por exemplo.”
“Para criar vida em laboratório, os cientistas se basearam no sequenciamento do genoma da bactéria orgânica e redesenharam, em computador, a estrutura do DNA da espécie. O genoma artificial contém 4 milhões de pares de bases nitrogenadas. Se fosse impresso o sequenciamento, baseado em letras, como sempre é quando se trata de genoma – no caso, G, A, T e C –, seriam necessárias 970 páginas de folha A4 para escrever toda a fórmula da vida sintetizada.” 
“De início, os cientistas cortaram algumas dessas letras do código do micróbio para preservar apenas as relacionadas a funções essenciais à vida. Sempre que se deparavam com uma sequência TCG, por exemplo, a reescreviam para ACG, o que, em palavras leigas, significa simplificar a estrutura da bactéria. Ao todo, foram 18 mil dessas modificações. O novo código genético foi então sintetizado e recolocado no microrganismo, batizado de Syn61.”
E a Ciência avança inexoravelmente!



Devo uma resposta a Suzete


Minha querida Suzete,

há mais de mês que não recebo cartinha sua e não posso reclamar, minhas respostas tardam, falta-me assunto, aparvalhado que me encontro com a enlouquecida política nacional, desanimado com nossos políticos, descrente do futuro de um país que se ainda não é uma Venezuela, já se parece muito com a decadente Argentina. 
Escrevo com esforço, portanto não espere grande coisa desse meu texto, apenas a manifestação de saudade de você e vontade de saber notícias suas. (Você merecia coisa melhor, depois de sua última cartinha contendo a brilhante crítica a um certo microconto.)
Salva-me a música e a literatura. Pois escrevo para lhe recomendar um belo livro, O verão tardio, de Luiz Ruffato (Companhia das Letras, 2019). O autor já ganhou fama nacional, com diversos livros publicados, entre eles o divertido Estive em Lisboa e me lembrei de você, e o monumental Inferno provisório!
O verão tardioconta a experiência vivida pelo protagonista durante seis dias, de terça-feira a domingo, em seu retorno a Cataguases – sempre Cataguases – 20 anos depois de ter deixado a cidade natal. Porém, o que me cativou mesmo no livro foi a forma, o fluxo de consciência a prender a atenção do leitor, desde as banalidades do cotidiano até a marcante posição política de Ruffato, um escritor de oposição, crítico da política do governo atual. 
Eis uma pequena amostra, Suzete, para ver se você se anima a ler o livro:

“[ ]
acordo com o barulho do portão de ferro – abrindo ou fechando? Fechando! Passei por uma madorna. Deve ter sido a Rosana saindo para o trabalho. Os passarinhos em algazarra. Barulho de carros lá fora. Ponho os óculos. Levanto. Minha cabeça dói. Vou até o mancebo, recolho a calça e a camisa, visto. Sento na cama, boto as meias, calço o tênis. Pego a escova de dentes na mochila. Colo os ouvidos à porta, nenhum movimento. Atravesso o corredor, penetro no banheiro, tranco a porta. Urino. Lavo o rosto, escovo os dentes. Dou descarga. Deixo o banheiro, entro rapidamente no quarto, guardo a escova na mochila. Coloco o boné na cabeça. Tomo fôlego, alcanço sorrateiro a cozinha, consulto o relógio de carrilhão, mas ele não marca a hora certa, alcanço a garagem, contorno o Honda Fit, puxo a porta lateral, ganho a rua. E então aspiro com força o ar quente da manhã ensolarada.”

            Não que eu seja fã da escrita de frases curtas, que a gente lê como se estivesse soluçando. Mas o ritmo alucinante de Ruffato é diferente, penso eu.
            Espero que compre o livro e goste, Suzete. A capa é bem bonita, veja.


            (O inusitado de se escrever uma carta pela Internet, seja enviada por e-mail, postada no blog ou por qualquer outra via virtual, é que podemos acrescentar imagens, como a capa do livro em questão. Não é fantástico isso, Suzete?)
            Ainda a respeito da escrita do Ruffato, encontrei em Manoel de Barros (Poesia Completa, Leya, 2010), uma frase que bem se aplica:

“A terapia literária consiste em desarrumar a linguagem a ponto que ela expresse nossos mais fundos desejos.”

            Ruffato desarruma a linguagem!
            Fico por aqui, com forte abraço e um beijo à amiga.
            Do sempre seu,

                                               andré
            


sábado, 18 de maio de 2019

Ganhamos nova família Foto n.16

Galeria de Família



Ao me casar com Mercêdes Fabiana ganhamos uma nova família. 
A foto que agora entra para esta Galeria é bem antiga: Mercêdes, ao lado de Bela, sua mãe, tinha apenas 12 anos; o segundo filho, à esquerda, Márcio, com 9 anos; o mais novo, Marquinhos, envergonhado ao tirar retrato, à direira, com apenas 6 anos. Walter Vandes ainda tinha cabelo e ostentava um vasto bigode.
Ao fundo, a paisagem de Santo Inácio, a fazenda onde morava a família, município de Coromandel, MG.

quarta-feira, 15 de maio de 2019

terça-feira, 14 de maio de 2019

Chegam as crianças Foto N.13

Galeria de Família


Ciça.
Poucas vezes se viu criança tão bonita!


Selma e a primogênita Nara!
Lindo bebê!


Ciça e Paula,
nascidas em Sobradinho, DF!



De pé, Marion, Nara e Flora!
Acima, Nara e Camilo!



Shaun entre Ciça e Paula,
no jardim de um pub num domingo londrino!

Louco Foto n.12

Galeria de Família


Por essas e por outras, 
chamam-lhe Louco

sábado, 11 de maio de 2019

Cici Foto n.11

Galeria de Família    


Durante toda a minha infância, eis a pessoa mais querida por mim, de toda a família: nossa avó Lucila, chamada Cici (esta a ortografia usada pelo marido dela, Breno Viana).
            A fotografia expressa tristeza, o olhar distante, lábios cerrados, a boca quase brava; Ceci detestava tirar retrato – era assim que se chamava naquele tempo, tirar retrato. Vê-se que  foto é de estúdio; imagino o sacrifício que ela fez ao submeter-se aos preparativos para ser fotografada.
            Na vida real, a pessoa mais doce do mundo!
            Graças ao meu irmão Paulo, a foto hoje está exposta em minha casa e a vejo todos os dias: o que me inspira é amor.


Quem é quem?

Charge do dia


sexta-feira, 10 de maio de 2019

Duas cartas




Esta 22aedição de Grande Sertão: Veredas, de Guimarães Rosa, pela Companhia das Letras (2019), traz duas cartas memoráveis – e este blogueiro é fã incondicional da literatura epistolar. 
            A primeira é de Fernando Sabino, endereçada a Clarisse Lispector, datada de 19 de julho de 1956 (antes portanto da segunda edição do livro, a definitiva). Diz o seguinte:

“Clarice,
 [...]
O melhor de tudo, porém, é o livro do Guimarães Rosa, não o Corpo de Baile, que não li, mas o Grande Sertão – Veredas, que estou na metade e é obra de gênio, não deixo por menos. Adeus, literatura nordestina de cangaço, zélins, gracilianos e bagaceiras: o homem é um monstro para escrever sobre jagunços do interior de Minas e com uma linguagem que nem Gil Vicente, nem ninguém. Meu entusiasmo é de quem não terminou a leitura, pode ser que não se sustente, mas duvido. Se recebeu, leia – senão, me diga que mando. No princípio, dez primeiras páginas, é meio assim-assim, custa um pouco a engrenar, mas de repente a gente se embala no ritmo dele e não larga mais. 
[...]

Fernando

            A resposta de Clarisse a Fernando Sabino não é menos contundente:

“Fernando,

Estou lendo o livro de Guimarães Rosa, e não posso deixar de escrever a você. Nunca vi coisa assim! É a coisa mais linda dos últimos tempos. Não sei até onde vai o poder inventivo dele, ultrapassa do limite imaginável. Estou até tola. A linguagem dele, tão perfeita também em entonação, é diretamente entendida pela linguagem íntima da gente – e nesse sentido ele mais que inventou, ele descobriu, ou melhor, inventou a verdade. Que mais se pode querer? Fico até aflita de tanto gostar. Agora entendo o seu entusiasmo, Fernando. Já entendia por causa de Sagarana, mas este agora vai tão além que explica ainda mais o que ele queria com Sagarana. O livro está me dando uma reconciliação com tudo. Como tudo vale a pena! A menor tentativa vale a pena. Sei que estou confusa, mas vai assim mesmo, misturado. Acho a mesma coisa que você: genial. Que outro nome dar? Esse mesmo. 
            Me escreva, diga coisas que você acha dele. Assim eu ainda leio melhor.
            Um abraço da amiga
                                                                                               Clarisse"

            O entusiasmo de ambos é descrito de uma forma que não posso igualar, nem ao menos chegar perto. Porém, meu entusiasmo não é menor ao ler e reler Grande Sertão, o livro mais importante da literatura brasileira, em meu fraco ponto de vista.
            “Nunca vi coisa assim”, escreve Clarisse; nem eu.
            Em 1969 abri pela primeira vez o livro, volume emprestado de meu pai. Li a primeira página, levei tremendo susto, não entendi nada, devolvi para o dono. Quase 20 anos depois voltei a abri-lo, para maravilhar-me para sempre, e nunca mais deixá-lo.

quinta-feira, 9 de maio de 2019

Coleção de um só volume

Editados apenas 63 exemplares  – este é o de número 51 da edição de colecionador – do romance Grande Sertão: Veredas, de João Guimarães Rosa, em comemoração aos 63 anos do lançamento da primeira edição, em 1956.
            Não sou colecionador, ou agora sou, com um único volume na coleção, recebido hoje, mas que volume!



Artesãs da cidade de Urucuaia, MG, confeccionara a caixa
feita da palmeira do buriti.





A cinta vermelha é de brim 100% algodão, fechada
por botão de madeira confeccionado por Marcelo Zocchio



Capa impressa em baixo-relevo sobre papel Color-Face


A sobrecapa foi bordada pelas artesãs de Cordisburgo, Morro da Garça e Andrequicé (MG), e Linha Nove e Teia de Aranha (SP), inspirada no avesso do Manto da Apresentação, de Arthur Bispo do Rosário, com o nome dos personagens do romance 


Capa e projeto gráfico: Alceu Chiesorin Nunes
Companhia da Letras, 2019, 22a edição