Política sem palavras
quarta-feira, 30 de setembro de 2015
terça-feira, 29 de setembro de 2015
Brasileiro flagra morte de palestina
A foto do dia
Deu no Estadão hoje:
“Um jovem brasileiro viajou às pressas de Israel para São
Paulo na última sexta (25) após ter testemunhado e registrado a morte de uma
mulher palestina em Hebron, na Cisjordânia, três dias antes.
Autor de uma foto que mostra um soldado israelense
apontando sua arma para a estudante palestina Hadeel al-Hashlamon, 18, Marcel
Leme, 30, temia represálias.”
ipê-caraíba
mesmo antes da chuva
o cerrado surpreende
com o ipê-caraíba
Foto: Mercêdes Fabiana, set 2015, cerrado.
segunda-feira, 28 de setembro de 2015
J. J. Veiga mais uma vez
Em março do corrente ano
este Louco registrou o que denominou O
renascimento de José J. Veiga, com o relançamento de Os cavalinhos de Platiplanto, pela Companhia das Letras (2015). (http://loucoporcachorros.blogspot.com.br/2015/03/o-renascimento-de-jose-j-veiga.html)
Depois veio A hora dos ruminantes, pela mesma
editora. E agora surge o excelente romance Sombras
de reis barbudos.
O aparecimento do livro
ocorreu originalmente em plena efervescência da literatura latino-americana,
dominada pelo realismo fantástico dos anos 70. Veiga antecipou-se a este
movimento, segundo Antonio Candido, com Os
cavalinhos de Platiplanto (1959).
Há
quem considere Sombras de reis barbudos
o melhor romance de Veiga. De fato, a linguagem é muito bem acabada, na voz de
um narrador adolescente de 16 anos de idade, sempre deslocado em meio a adultos
assustados. Os conflitos familiares e sociais estão presentes ao longo do
livro, trazendo a lembrança de Borges, Garcia Marques e até Kafka.
Lá
pelo meio da narrativa surge um capítulo espetacular, intitulado Pausa para um mágico, metáfora com o
objetivo de ludibriar a plateia e entreter o leitor. Reproduzo aqui um trecho
do capítulo:
“É difícil explicar, mas no momento em que a cortina se abriu senti
qualquer coisa diferente no ar, assim um arrepio vindo não sei se de dentro ou
de fora de mim, uma mudança na qualidade dos sons, como se meus ouvidos
tivessem acabado de passar por uma limpeza sensacional, e sei que todo mundo
sentiu a mesma coisa. O homem que estava no palco de braços abertos para a
plateia – o mesmo que eu tinha visto dias antes na sala de espera – era
novamente o Grande Uzk dos cartazes.
... Ninguém se mexia, ninguém falava, e acho que se ele ficasse naquela
posição de cruz até o fim do espetáculo ninguém ia reclamar.
... Naquela noite, e nas outras, o Grande Uzk fez o que quis, virou o
mundo pelo avesso na nossa frente, desmanchou-o e montou de novo de maneira
diferente, nós vendo tudo e não acreditando, ainda hoje não acredito.”
Redescobrir
um autor como J. J. Veiga nos dias de hoje é uma felicidade inspiradora para a
literatura brasileira contemporânea.
Uma experiência devastadora
Enfim, um filme do qual se pode falar
livremente sobre o enredo, sem frustrar o futuro expectador. Nas primeiras
cenas o tema torna-se explícito: uma mãe, num surto psicótico, mata a própria
filha de nove meses de idade, cortando-lhe o pescoço.
O
que mais assusta é que o filme Tristeza e
alegria (Sorg og Glaede) é autobiográfico, o diretor dinamarquês Nils
Malmros viveu mesmo aquela tragédia, vinte anos atrás. Executá-lo, parece que
foi o modo pelo qual ele e a esposa tentam superar um trauma aparentemente
insuperável.
Há
quem afirme que a principal função da tragédia grega era preparar o homem comum
para a dor e o sofrimento, através da ficção; caso fosse vítima deles algum
dia, no mundo real, o homem já os teria experimentado no teatro. Perder um
filho deve ser uma dessas dores impensáveis. Somente aqueles que passaram pela
experiência podem descrevê-la. Quem nunca experimentou jamais pode afirmar que
sabe o que o outro está passando, nem como tentativa de consolo.
Perder
um filho por tê-lo assassinado, “movido” por doença mental grave, bem, isso
está muito além da capacidade humana de sentir e pensar. Daí a importância de Tristeza e alegria.
Através
de diálogos delicados, o sofrimento do casal, dos parentes, dos amigos, é
exposto ao longo de todo o filme, levando o espectador a um estado crescente de
angústia. Superadas as cenas iniciais onde o acidente é apresentado, o enredo
trata da vida da mãe deprimida, portadora de psicose maníaco-depressiva (este é
o diagnóstico relatado), desde o tempo de solteira, passando pelo casamento,
até a chegada do bebê.
Em tempo, o filme pode ser descrito como asséptico. Quando o marido chega em casa, o sangue já foi removido, o colchão foi limpo, o corpo removido, a mãe internada sob forte sedação. Não há violência explícita, a violência é de outra ordem.
O marido, um atuante diretor de cinema, só consegue manter aquela relação por sua infinita amorosidade, o que é belamente expresso numa fala da esposa:
Em tempo, o filme pode ser descrito como asséptico. Quando o marido chega em casa, o sangue já foi removido, o colchão foi limpo, o corpo removido, a mãe internada sob forte sedação. Não há violência explícita, a violência é de outra ordem.
O marido, um atuante diretor de cinema, só consegue manter aquela relação por sua infinita amorosidade, o que é belamente expresso numa fala da esposa:
–
Você salvou minha vida!
Acompanhar
os altos e baixos de uma pessoa portadora de doença mental grave, e as
repercussões sobre a família, eis o sentido maior do filme de Nils Malmros,
indicado como representante do cinema dinamarquês ao Oscar de melhor filme
estrangeiro.
Ao
final do filme, o espectador já está no seu limite emocional, quando, deitados
numa cama, o marido faz à mulher a pergunta que nunca teve coragem para
verbalizar, passados vinte anos:
–
Ela chorou?
–
Ela gritou...
...
Quanto ao título do filme,
é bom ressaltar que Tristeza aparece desde a primeiríssima imagem; Alegria,
estou esperando até hoje.
domingo, 27 de setembro de 2015
Comparação...
Tudo na vida a gente tem que comparar. Mania humana!
Atualizando, pois, nosso escore de filmes em cartaz:
A hora e a vez de Augusto Matraga ★★★★★
Tristeza e alegria ★★★★
Que horas ela volta? ★★★★★
Homem irracional ★★
Ricki and The Flash ★★★
Infância ★★★★
Pequeno dicionário amoroso 2 ★★
Adeus à linguagem (Godard) o
Diário de uma camareira o
Assinar:
Postagens (Atom)